Novas
regras ortográficas começam a valer no dia
1º de janeiro de 2009
Por:
Ana Lúcia do Vale
Rio
- Pode ficar tranquilo. A ideia é que se enfrente
o esforço heroico para que haja simplificação
e unificação entre os países de Língua
Portuguesa. Mas que ninguém fique paranoico. Achou
uma feiura e sentiu diferença na grafia?
Ontem,
na Academia Brasileira de Letras, durante a comemoração
do centenário de morte de Machado de Assis, o Presidente
da República, Luiz Inácio Lula da Silva, assinou
o decreto de promulgação do Acordo Ortográfico
dos sete países de Língua Portuguesa. Ou seja,
as novas regras ortográficas começam a valer
em 1º de janeiro, e devem estar nos livros didáticos
até dezembro de 2012.
Para
nortear a transição, a ABL lança em
2009 a 5ª versão do Volp (Vocabulário
Ortográfico da Língua Portuguesa), feita pelo
acadêmico Evanildo Bechara. “As mudanças
são pequenas, vamos simplificar a língua”,
diz ele. Além da supressão do trema, em palavras
como ‘tranqüilo’, as letras K, W e Y entram
no alfabeto, agora de 26 letras. Haverá novas regras
para uso do hífen e acentuação. Ditongos
abertos de palavras paroxítonas, como ‘heróico’
e ‘paranóico’, por exemplo, perdem o
acento.
“O
Acordo tem importância maior do que possa parecer
à primeira vista”, ressaltou Lula, que recebeu
a medalha comemorativa do centenário de morte de
Machado na ABL. Segundo Lula, o Acordo aproxima o Brasil
de outros países lusófonos (Angola, Cabo Verde,
Portugal, Guiné Bissau, Moçambique e São
Tomé e Príncipe, além de Timor Leste
que deve seguir o acordo), entre os quais destacou os africanos.
“Vamos
implementar e muito a circulação de obras
literárias e artísticas entre nossos povos”.
A reforma não é unanimidade. “O Acordo
pode ajudar, mas é inútil e improdutivo. Se
mandaram tirar o acento, eu tiro, mas obedeço contra
a vontade”, brincou o acadêmico Carlos Heitor
Cony. Já Sergio Paulo Rouanet destaca: “Se
queremos transformar o Português em língua
universal, a 6ª mais falada, é preciso acabar
com a loucura da mesma língua grafada de maneiras
diferentes. Ajuda na barganha internacional”, defende.
Dizendo
ter como meta aumentar o hábito de leitura no Brasil
em 2009 — quer que todos os 5.500 municípios
tenham biblioteca pública —, Lula finalizou
a cerimônia citando Machado: ‘Palavra puxa palavra,
uma idéia traz outra, e assim se faz um livro, um
governo ou a revolução. Façamos juntos
a revolução do livro e da leitura em nosso
País”.
Alfabeto
Inclusão
das consoantes , K, Y, e W no alfabeto, que agora passa
a ter o total de 26 letras.
Acentos
Não
se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói
das palavras paroxítonas
(apoio, boia, centopeia, Coreia, ideia, jiboia, joia, plateia,
paranoia).
Não
se usa mais o acento no i e u tônicos quando vierem
após um ditongo em palavras paroxítonas (feiura,
enxague, boiuna, averigue).
Não
se usa mais o acento que diferencia as palavras pára/para,
pêlo/pelo, pólo/polo. Mas o acento permanece
em pôde/pode, pôr/por, têm/tem, vêm/vem.
Não
se usa mais o acento das palavras terminadas em êem
e ôo (voo, zoo, enjoo, leem, creem, veem, abençoo,
perdoo).
Hífen
Não
se usa mais o hífen na palavra sub-humano (que vira
subumano).
Palavras
compostas que não têm mais hífen: paralama,
mandachuva, paraquedas, parachoque.
Não
se usa mais hífen em palavras terminadas por vogal
com segunda palavra iniciada também por vogal: autoescola,
extraoficial, infraestrutura, contraindicação,
semiárido.
Usa-se
hífen nas palavras em que o segundo elemento começa
pela mesma consoante em que termina o primeiro. Exemplos:
super-romântico, hiper-requintado.
Palavras
compostas que tinham hífen e, agora dobram o ‘r’
e o ‘s’, como exceção à
regra anterior: antissocial, ultrassonografia, autorretrato,
contrassenso.
Não
tinha hífen e agora tem (palavras formadas por prefixo
ou falso prefixo terminado em vogal e segunda palavra iniciada
pela mesma vocal): anti-inflamatório, arqui-inimigo,
micro-ondas.
Ortografia
Palavras
que ganharam a opção da dupla grafia: aspecto/aspeto,
cacto/cato, concepção/conceção,
corrupto/corruto, recepção/receção,
caracteres/carateres, dicção/dição.
Trema
Foi
abolido (grafias novas: cinquenta, tranquilo, sequestro,
linguiça, aguentar, arguir, linguista).
Fonte: www.odia.com.br
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