IPA THEÃ ONI: “FLECHA PARA TOCAR A SOCIEDADE NÃO INDIGENA”

EVENTO REALIZADO NA UFF/NITEROI. Em: 30/04/19.

Fora do Lugar. Kopenawa palestrou com equilíbrio de Maat e Xapiri, uma característica da Cosmovisão dos Afro-ameríndias na UFF.

A Sociedade Indígena e Não indígena, recebeu dia 30/04/19, às 17:h, no Centro de Artes da UFF, na Rua Miguel de Frias – N.9, Icaraí em Niterói, Davi Kopenawa. Kopenawa é pajé e Líder espiritual e presidente da Associação Indígena yanomami. O evento Brasil a Margem - Teko Porã: Cosmovisão e Expressividades Indígenas, organizado pela UFF.

Reuniu nos dias 24 a 30 de Abril, diversas lideranças indígenas e não indígenas; A comunidade acadêmica e estudantes. No saguão do Centro de Artes, Foi disponibilizado aos visitantes: exposição de fotografias indígenas. Segundo os organizadores da Conferência Ipa Theã One: Flexa para o coração da sociedade não indígena.

Segundo a definição dada pelos organizadores da Conferencia: “Em guarani: Teko Porã, em quechua Kawsai, Suma qanaña, em aymara, todos estes termos se referem a idéias sobre o Bem Viver em comunidade, uma busca por equilíbrio nas relações entre as pessoas e o meio ambiente capaz de compreendê-lo como um ser vivo e ativo.

Essas idéias e valores dos povos ameríndios têm sido retomados e repensados como proposta para a sociedade; Uma alternativa ao aprofundamento das desigualdades sociais; A degradação da natureza e as perdas das dimensões empáticas e afetivas nas relações humanas. “Davi Kopenawa, é liderança do povo Yanomami; Líder espiritual e uma das principais vozes do mundo em defesa dos povos da floresta e da vida”.

A doutoranda, Julie Dorrico, argumenta com relação a escrita indígena: “  A civilização deveria ler/ouvir/conhecer as palavras dadas pelo  xamã yanomami , porque elas possuem a voz da ancestralidade. Porque elas nos ensinam modelos alternativos de convivência com o meio ambiente, com o homem, e com a própria noção de posse e partilha.

E, além disso, porque elas nos apresentam uma diferença antropológica relatando-se, apresentando-se a nós, para além das caricaturas que dela fizemos. Sua originalidade consiste na condição antropológico-ontológica que resiste no tempo e no espaço”.

A doutoranda, Julie Dorrico, argumenta com relação a escrita indígena: “A civilização deveria ler/ouvir/conhecer as palavras dadas pelo xamã yanomami, porque elas possuem a voz da ancestralidade. Porque elas nos ensinam modelos alternativos de convivência com o meio ambiente, com o homem, e com a própria noção de posse e partilha. E, além disso, porque elas nos apresentam uma diferença antropológica relatando-se, apresentando-se a nós, para além das caricaturas que dela fizemos. Sua originalidade consiste na condição antropológico-ontológica que resiste no tempo e no espaço”.

O que pode a arte quando a sociedade é levada ao limite? Quais as potências nas formas expressivas dos povos ameríndios vêm sendo invisibilizadas e colocadas à margem tanto social, quanto esteticamente? Esses questionamentos estava colocados no cartaz, pela produção do evento que contou com o apoio do Centro de ARTES UFF – Rádio Indígena YANDE e a Universidade Federal Fluminense. Maiores informações foram disponibilizados no site: www.centrodeartes.uff.br, e em convite distribuído ao público.

Esse não foi o primeiro evento desse porte, organizado pelos idealizadores. Na verdade essa é a segunda edição, realizada no Teatro da UFF. Segundo os organizadores: “A margem se propõem a ser um espaço acolhedor, abrindo seus espaços dedicados à arte, para as idéias; visões e formas expressivas tradicionais e contemporâneas dos povos indígenas, colocando em questão as concepções de arte, suas linguagens e o próprio conceito do contemporâneo, historicamente determinados sobre critérios do ocidente”.

A figura ilustre, a presença de Davi Kopenawa, transcende o local do seu nascimento e convívio social. Pois, vem ao encontro dos defensores da terra, dos animais que vivem na floresta, dos encantados que apelam por socorro na pele de papel, na fala do xamã Yanomami. Segundo Julie Dorrico: “A mensagem do xamã estende-se não apenas em sua defesa, mas de todos os humanos. A destruição maciça da floresta prejudica não somente o modo de vida dos Yanomami, mas também daqueles que a destroem”. No Brasil, a terras está nas mãos do agronegócio, latifundiários e políticos que roubam e saqueiam. Destroem tudo e, benefício do lucro à custa do caos.

Continua Julie Dorrico: “Controlada por empresas que detêm o monopólio econômico, a riqueza de poucos traz sérias consequências para muitos. É nesse sentido que devemos ouvir o que diz o xamã para aprendermos que a Terra não é colônia de exploração, é o lugar que habitamos, de que ela não é uma propriedade, mas uma partilha, um presente que foi dado gratuitamente a todos e para o usufruto de todos”. O evento trouxe a riqueza da cosmovisão e expressividade indígena, com debates, oficinas, exposições, espetáculos, música e mostra de cinema.

O público prestigiou o evento lotando os acentos e ocupando todos os espaços disponíveis, que forma ocupados majoritariamente por estudantes e acadêmicos. Após a apresentação do Davi Kopenawa, por cerca de vinte minutos. Foi franqueada a palavra ao público, que interagiu fazendo perguntas sobre a sua militância em Defesa dos Povos da Floresta, e do recente livro: “A Queda Do Céu”, escrita por ele e Bruce Albert. As principais questões trazidas por Kopenawa, foram relativas ao desmatamento nas Terras Yanomanis; A poluição atmosférica causadoras do efeito estufa; A relação dos indígenas com as autoridades brasileiras na área de educação e saúde; Além do apoio que ele recebeu de ONGs e governos estrangeiros, contra o desmatamento na Amazônia.

Quem é Davi Kopenawa? Kopenawa segundo o Instituto Sócio Ambiental. “Davi é Lider espiritual, Xamã e porta-voz do povo Yanomami do Brasil. Nasceu em 1956 em uma comunidade isolada do norte amazônico. Sua família foi morta por uma violenta epidemia de rubéola quando ele tinha 11anos. Vinte anos mais tarde milhares de garimpeiros em busca de ouro invadiram o território Yanomami. Para impedir a tragédia anunciada, Davi se engajou em uma luta ao redor do mundo onde é reconhecido como uma dos maiores defensores da Amazônia e de seus primeiros habitantes. Em 1988, Davi recebeu o Global 500 Award das Nações Unidas e em 1989 o Right Livelihood Award considerado o prêmio Nobel alternativo. Foi condecorado em 1999 com a Ordem do Rio Branco pelo Presidente da República brasileiro e em 2008 recebeu uma menção honrosa especial do prestigiado Prêmio Bartolomé de Las Casas outorgada pelo governo espanhol por sua luta em defesa dos direitos dos povos autóctones das Américas”.

Sobre o Livro a Queda do Céu, sintetiza Julie Dorrico: “Gostaria, contudo, de ressaltar dois aspectos em especial: o primeiro é que os xapiri não tocam no plano material, quando eles querem ficar perto dos humanos, eles caminham pela floresta por um caminho espelhado que eles mesmos projetam e criam, nunca tocando o chão; eles são por demais puros. Quando um xamã bebe o pó da yãkoana, os espíritos os ensinam, pelo canto e dança, a caçar, curar doenças, a celebrar a vida.

Contudo, acrescenta Julie Dorrico: “Com a ação predatória do não indígena, o desmatamento desmesurado da floresta, este forasteiro coloca em risco não só a sobrevivência física do sujeito yanomami, sobretudo a cosmologia na qual os Yanomami radicam seu modo de vida. Antes do contato, quando um yanomami ficava doente, na cultura yanomami a doença significa que a imagem do sujeito está sendo atacada por um espírito (yarori), e os xapiri precisam intervir recuperando a imagem desse sujeito, resgatando-a do ancestral animal raptor, e devolvê-la ao paciente yanomami.

Hoje, com as epidemias do ‘branco', os xapiri pouco podem fazer para ajudar. Estas imagens (estas doenças), eles não as conhecem, por isso não podem fazer nenhum ritual de cura e, além disso, a doença física resultante do contato com o branco significa a doença no plano espiritual dos xapiri. O mundo material e espiritual adoece concomitantemente pondo em risco toda a vida comunitária”. (Julie Dorrico – entrevista abril de 2018 – Ricardo Machado – IHU ON-LINE).

Ainda sobre o Livro: “A imponente obra A queda do céu (São Paulo: Companhia das Letras, 2015), com quase 800 páginas, escrita em parceria entre o xamã Yanomami Davi Kopenawa e o antropólogo francês Bruce Albert, converteu-se em um dos grandes livros de nosso tempo. Além de ser um rico relato das cosmologias Yanomami “a etnografia do mundo espiritual oferecida por Davi não tem comparação na literatura etnológica e fornece, para além de uma descrição de um mundo que desconhecemos, o ponto de partida de onde se lança a crítica ao mundo das mercadorias e a advertência da queda do céu , esse fim de mundo previsto pelos xamãs Yanomami , que nós estamos conhecendo como o antropoceno”, aponta José Antonio Kelly Luciani , queé graduado em Engenharia Eletrônica pela Universidade Simón Bolívar, na Venezuela. Realizou mestrado e doutorado em Antropologia Social pela Universidade de Cambridge, Inglaterra em entrevista por e-mail à IHU On-Line”. (Ricardo achado 19/08/2017).

Com a palavra, e bastante sorridente, Davi Kopenawa saudou a platéia, agradeceu o convite, dizendo que estava feliz em estar no Cine Arte da UFF. Justificou o convite dizendo que foi chamado para conversar e trocar idéias a respeito do povo Yanomami, e das principais dificuldades enfrentadas pelo povo Yanomami com a invasão de madeireiros e garimpeiros em seu território. “Ao vir ao Rio, presto as minhas homenagens aos povos ancestrais que morreram por perseguirão e doenças advindas do homem branco”. E acrescenta: “Meu nome é Davi Kopenawa Yanomami. Sou liderança indígena tradicional e aprendi na pratica. A minha educação não foi de bancos escolares, mas sim em ouvir, em falar com o homem branco. Sou pajé e aprendi a cura Yanomami com Omama. Porque se a floresta for completamente devastada nunca mais vai nascer outra.

Sobre a narrativa de Kopenawa, Julie Dorrico, no seu estudo e pesquisa ressalta: “O conhecimento da literatura indígena é, também, uma forma de descolonização do pensamento e dos saberes ocidentais como essencialmente homogeneizantes e determinantes do que podemos gostar-estudar-conhecer, tal como o xamã yanomami nos ensina na obra A queda do céu.

Esta abertura a outras epistemologias é uma alternativa para dialogarmos com as diferenças, educando-nos com novos olhares e saberes, sobretudo, pelo que tenho aprendido com essa literatura, em termos de sensibilidade às diferenças”.

Discorrendo sua narrativa diz Kopenawa: “Descendo desses habitantes da terra das nascentes dos rios, filhos de Omama. Meu único professor foi Omama. Eu trabalho com a força da natureza. Sou presidente da Associação Yanomami e fui convidado para vir aqui para falar de mudança climática. Os fazendeiros vem desmatando e derrubando nossa floresta. Eles não conhecem que existe arvore venenosa que mata gente. A sociedade não indígena não conhece as florestas. As fumaças, os gases vem lá de cima e cai aqui em baixo, matando a gente aqui na terra. Na minha aldeia agente ver porque o sol fica amarelo.

O povo da mercadoria vem se multiplicando e aumentando a população não indígena. E a poluição vem causando prejuízo para os índios e não índios. Vocês são brasileiros, nasceram nesse pais, e por isso que devem se preocupar com a natureza. As autoridades capitalistas vem destruindo a mãe terra. E vocês tem obrigação de cuidar, de pedir ao criador para proteger a terra, ou vocês esqueceram? Nós, povo Yanomami pedimos tudo a Omana”. Com relação ao Livro a Queda do Céu, Kopenawa disse que estava muito contente com as pessoas que estão lendo o livro. “Levei muito tempo para traduzir com Bruce Albert.

Foram muitas horas de gravação, traduzida para trazer para vocês um pouco da nossa história e nossos costumes”. Com relação a saída da “Aldeia Maracanã” - Casa Grande Yanomami, para o território branco. Kopenawa disse que foi obrigado a sair do território para poder reconquistar a terra ocupada por garimpeiros e madeireiros. “Essa luta não foi só minha e da minha comunidade yanomami”, esclareceu ao público: “Essa luta pela conquista do nosso território, tivemos o apoio de autoridades brasileiras e estrangeiras. A terra yanomami é para o nosso povo viver e não para ser roubada”.

Segundo Davi Kopenawa: “As autoridades brasileiras dizem que o território Yanomami é muito grande para os indígenas e justifica a luta: “É por isso que eu lutei para garantir para o nosso povo a nossa terra”. Desconfiado, da interação do público com sua fala, Kopenawa perguntou a platéia: “Vocês estão entendendo o que estou falando”? O público acenou positivamente. E continua: “O meu criador Omama me fez compreender o caminho de luta e de resistência para retomada do nosso território”. E continua: “O branco invadiu nossa terra Yanomami, ainda quando eu era muito pequeno.

Ressaltando a identidade Indígena, Ailton Krenak, nos ensina: “Quando uma criança krenak nasce, não vai para a creche, fica com a mãe, as avós e as tias. Partilham um quotidiano e um modo de estar na vida. As crianças indígenas não são educadas, mas orientadas. Não aprendem a ser vencedores, porque, para uns vencerem, outros têm de perder. Aprendem a partilhar o lugar onde vivem e o que têm para comer.

Têm o exemplo de uma vida onde o indivíduo conta menos do que o coletivo. Este é o mistério indígena, um legado que passa de geração para geração. Ailton carrega no apelido a pertença à sua gente, o povo krenak”. ( Christiana Martins, no Expresso 22/10/20180).

Kopenawa viajando para o mundo: “A primeira saída para terras estrangeiras, se deu a convite de Ailton Krenak, que receberia uma homenagem, um prêmio na Europa, e me convidou. Dessa oportunidade foi que conheci a Grécia. Daí em diante, tenho visitado cidades para divulgar nossa luta e o livro tem contribuído para vocês conhecerem nossa história,” acrescentou.

Finalizando, Davi Kopenawa, aconselhou os estudantes indígenas a continuarem conectados as suas aldeias, ao seu povo e não se deixar levar pela cultura do branco. “Passou o período do estudo na faculdade, volte para sua terra, volte para seu povo, não se deixe levar pelas mercadorias do branco”, recomendou. Concluído, Kopenawa disse que as doenças do branco chegou nas aldeias Yanomami e isto tem sido um grande problema. “O governo tem a obrigação de resolver os problemas que são gerados pelos os não indígenas à comunidade Yanomami.

Sobre a Literatura Contemporânea indígena e de autores indígenas. Julie Dorrico, que é mestre do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários; Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Letras na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul descreve a literatura indígena: “Ao pensar a literatura indígena não devemos cair na armadilha de observá-la a partir dos cânones ocidentais. “Essas produções indígenas dão uma abertura muito maior ao conceito de literatura indígena, de modo que não se restringe ao texto escrito, incluindo, também, os cantos, as danças, os grafismos”, esclarece Julie. “A literatura indígena assume os índios como protagonistas e é produzida por eles próprios. Devemos ter o cuidado de não homogeneizar suas cosmologias, porque são povos muito diversos, com visões de mundo diferentes, apesar de aspectos em comum, como a demarcação de terra, porque a territorialidade é condição essencial para a vida indígena”, salienta. Fonte: Ricardo Machado (18 Abril 2018) Revista IHU online.

O importante ressaltar que a cosmologia africana e a indígena dada a sua singularidade, nos faz pensar e agir em defesa da natureza; do equilíbrio do ser, no pensar e agir. Mas não no sentido ocidental, como se o ocidente fosse o centro. E ai cabe nos indagar? Quem são os povos, os primeiros habitantes no Brasil? Não caberia uma resposta pronta e acabada, pois são centenas de culturas, habitat, modo de pensar. Algumas teorias vão dizer que esse homem veio migrando do continente africano, e/ou polinésia, começando pela a ocupação da América. Em se tratando de cosmovisão Yanomami e a cosmo sensação africana, Diria o que move as ações afro-indígenas, é a relação com o cosmos, a pureza do pensamento, a linearidade do pensar com o coração. Diferente da cosmovisão ocidental que vai pelo racional, o lógico socrático.

A professora e doutoranda em filosofia, Katiuscia Ribeiro, (IFCS) argumenta que a cosmologia africana e a indígena tem maior sintonia com a natureza, pois, o equilíbrio, a serenidade, os saberes ancestrais faz parte de um todo, ele não é separado do ser, como no pensamento ocidental. Segundo Katiuscia: A Filosofia Kemética de Maat é a personificação da virtude perfeita. Pois, Maat significa basicamente “o real”, “a realidade”, isto é, aquilo que é genuíno e autêntico, em oposição ao artificial ou espúrio. Maat é a realidade como um todo, isto é, a totalidade de todas as coisas que possuem realidade, existência ou essência. Maat é aquilo que existe objetivamente. De fato, Maat é aquilo que tem a existência necessária e não apenas contingente. É por isso que Maat está́ em toda parte e permeia toda a criação (er-djer).

Significa também que Maat é pertinente a todas as esferas da realidade, a divina ou a sagrada, a cósmica, a física, a política e a familiar. Em suma, Maat é um conceito exaustivo e abrangente. Essa inclusividade faz dela um todo ordenado e esteticamente coerente; é por isso que Maat também significa a ordem da totalidade da existência. Assim, tudo no universo que é real e ordenado é a expressão ou manifestação de Maat. Em particular, quando na sociedade os seres humanos se comportam da maneira correta ou agem da maneira correta, eles estão manifestando Maat. Daí́ esses outros significados de Maat, como “verdade”, “justiça”, “retidão”, “correção”.

Maat é a mais alta concepção de lei física e moral conhecida dos antigos egípcios. Assim é que a deusa Maat era a personificação da lei, ordem, regra, verdade, retidão, certo, cânone, justiça, franqueza, integridade, consciência e perfeição. A civilização egípcia foi construída sobre este conceito inclusivo, com sua grande fecundidade de significado. No entanto, falar de Maat é inútil, se não for praticado. Na verdade, Maat é um modo de vida e espiritualidade. (Theophile Obenga ☥) via:Katiuscia Ribeiro (@kattiiuscia) Fonte:Geru Maã: Filosofia Afreekana.

Analise Conclusiva

Em se tratando de literatura e cosmovisão afro-ameríndia, nos faz pensar e agir em defesa e valorização das diferenças, do equilíbrio do ser. Em Maat, nós vamos nos purificando pela transcendência para a outra atmosfera. Com o Xapiri o encantado da Floresta, vamos percebemos que o planeta é um todo ordenado, não está separado dos bichos e/ou animais racionais. Tanto os negros como os indígenas, buscam seu protagonizo, sem contudo, virar peça de museu, ou figura folclórica a ser reverenciada por escritores brancos e/ou mesmos, renomados filósofos do indianismo afro-indígena.

Pensar o sujeito individualmente ou coletivamente, como diz Julie Dorrico: “Imprimir suas palavras no livro, na “pele de papel”, denota o reconhecimento do alcance dos instrumentos tecnológicos da sociedade majoritária. A palavra oral passada milenarmente de geração em geração não conseguiu frear as incursões predatórias dos não indígenas, nem os projetos do governo contra o seu povo”. Com relação a deixar algo escrito para ser pensado e estudado pelo branco na pele de papel? Podemos afirmar que a engrenagem mudou. A militância de escritores indígenas e africanos, hoje procuram marcar seu próprio território com autores e pensadores próprios.

A esse respeito Julie Durrico afirma: [...] “Esse ato é importante, porque marca uma presença, uma voz, via livro impresso, literatura, antropologia, sua reivindicação pelo direito à re-existência. A sociedade não indígena despersonaliza o sujeito indígena porque se agarra ao imaginário construído desde os textos fundacionais do país escritos sob a ótica do colonizador e reproduzidos na literatura, na história, em quase todos os campos de saber. Colocar as palavras, a história em peles de papel significa inscrever o povo Yanomami na história do país, mas uma história adveniente desde si mesmo, de sua experiência e característica calcadas na diferença. Em suma, os indígenas – e, em nosso caso, Davi Kopenawa – escrevem para publicizar condição e a causa indígena, para consolidá-la na sociedade civil, para afirmarem-se como sujeitos público-políticos, desde sua singularidade antropológica”.

A ÉTICA DA FILOSOFIA KEMÉTICA EM MAAT, E INTERCESSÃO DA COSMOLOGIA INDÍGENA DE XAPIRI NA ALDEIA MARACANÃ.

Referencias Bibliográficas:

Conferência de encerramento - Ipa theã oni: flecha para tocar o coração da sociedade não indígena - http://www.centrodeartes.uff.br/eventos/brasil-a-margem-teko-pora/

Instituto Sócio Ambiental, 2015: https://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/publicacao-a-queda-do-ceu-revela-o-pensamento-do-povo-yanomami

Geru Maã: Filosofia Afreekana: https://www.facebook.com/HEKAPHILOSPRETA/

REVISTA IHU ON-LINE – Por:  Ricardo Machado  | 18 Abril 2018

http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/578108-o-grito-silencioso-de-davi-kopenawa-e-dos-yanomamis-nas-peles-de-papel

V IDEO - https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=a595bNStdmU  

https://www.geledes.org.br/somos-indios-resistimos-ha-500-anos-fico-preocupado-e-se-os-brancos-vao-resistir/
IHU On-Line . ( Ricardo achado  19/08/2017)

http://www.ihu.unisinos.br/159-noticias/entrevistas/570809-o-incomparavel-olhar-yanomami-de-davi-kopenawa-entrevista-especial-com-jose-antonio-kelly-luciani

Vídeo com entrevista de Julie Dorico - https://www.youtube.com/watch?v=a595bNStdmU

 

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