OS INDIOS EM CONTEXTO URBANO NO RIO - Aldeia Maracanã e a Resistência Indígena

A Aldeia Tamoia, conhecida como Aldeia Maracanã , berço da Resistência indígena que ocupou o Antigo Museu do Índio abandonado há décadas. Luta pela consolidação da Criação do Centro de Referência dos Povos Tradicionais com a reforma do Antigo Museu do Índio em meio à realização dos Jogos Olímpicos de 2016.

�O que se sabe é que, no início do século XIX, a região era de engenhos de açúcar e, provavelmente, ainda repleta de aves chamadas maracanãs. Em 1889, com a chegada da República, aquelas terras adquiridas pelo Duque de Saxe, genro de D. Pedro II, deixariam de pertencer ao Império do Brasil e passariam a ser propriedade do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. O casarão imperial se tornaria conhecido a partir de 1953, como sede do Museu do Índio, chefiado por Darcy Ribeiro. O museu se tornaria referência internacional, servindo de �modelo a diversas instituições, orientando-a quanto à catalogação e classificação de material etnográfico e quanto aos melhores métodos de exposição museográficas�.

No inicio da ocupação em 2006 não houve resistência por parte do governo, na remoção das 17 etnias, pois o Museu estava em total abandono servindo como esconderijo de marginais que assaltavam os transeuntes que se dirigiam ao maracanã para assistirem as partidas de futebol.

Com o interesse do Governo e Prefeitura do Rio, que candidataram a Cidade para sediar os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo. Houve necessidade da adequação do antigo estádio as exigências da FIFA e do Comitê Olímpico Internacional. O que levou a articulação da resistência indígena, com a sociedade civil a fim da garantia da reforma do antigo museu do índio e a autonomia gerencial para a criação da nova Universidade Indígena. Segundo José Urutao Guajajara , que participou da ocupação definiu a resistência .

�A universidade, um espaço de exercício cultural, religioso e educativo. Recebemos estudantes e interessados de diversas partes do mundo, de diversos grupos sociais. Existem residentes que cuidam do espaço, que participaram e participam da resistência, que não abandonaram a luta, nem nas invasões militares. São negros, favelados, punks, índios, mulheres, idosos, que vieram, por exemplo, das resistências à demolição do Iaserj e das remoções de Manguinhos, que não podemos renegar. Eles fazem parte da histórica desta resistência e deste espaço ancestral, sagrado. Nossa resistência é intercultural, popular! Este patrimônio imaterial é de todas, e diversos segmentos sociais estão conosco, ombro a ombro, dia a dia, nesta luta�.

O �Cacique Tucano�, um dos lideres, assim definiu: �A resistência maracanã é a luta do índio urbano que se manifesta aqui nesse solo sagrado . E ela se deu em condições análogas de sobrevivência, pois éramos desprovidos de tudo, desde a falta de Luz, água, alem da ameaça de desabamento por causa das fortes chuvas de Verão�.

Não demorou as tropas policias a mando do Ex. Governador Sergio Cabral que conseguiu liminar da Justiça expulsar os índios do antigo Museu do Índio, levando para �Hospital Curupaiti� onde estaria provisoriamente até a construção do imóveis no Estácio, conjunto Zé Kéti , do programa habitacional Minha Casa Minha Vida.

Nem todas as etnias que ocuparam o antigo Museu do Indio aceitaram um imóvel do Governo do Estado como contrapartida à desocupação. Pois temia serem enganados com falsas promessas. Nessa época se fizeram varias passeatas pela cidade pedindo o afastamento do governo Sergio Cabral, pelos �desmandos e corrupção do governo�.

Com a participação ativa dos movimentos sociais em defesa do antigo Museu do Índio, restou ao Ex. Governador Sergio Cabral fazer um discurso em sintonia com a Aldeia Maracanã e assim definiu: �O Centro Indígena terá como objetivo �promover, preservar e difundir, a história, os valores, os conhecimentos e todos os aspectos culturais dos indígenas brasileiros�, com foco especial nos grupos que vivem ou viveram nas diversas regiões do estado do Rio. O Centro será ainda um ponto de formação, referência e apoio para os índios�.

Com a Eleição a posse do Governo Luiz Fernando Pezão, os desafios continuam em consolidar o Centro de Referência dos Povos Tradicionais e a Criação do Conselho Indígena.

No Seminário realizado no Museu da Justiça nos dias 20 e 21 de Agosto que tiveram a presença se autoridades e lideranças Indígenas. A Subsecretaria de Assistência Social e de Direitos Humanos Andrea Sepúlveda, que esteve no Seminário O Rio Continua Índio, reafirmou a intenção do Governo Pezão na consolidação na criação do Conselho Estadual dos Direitos Indígenas e da Reforma do Antigo Museu o Índio , para criação do Centro de Referência/Universidade Indígena. Na ocasião do evento deixou agendada para o dia 01 de Outubro, uma reunião na Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, extensivo a sociedade civil e as lideranças indígenas para tratar do assunto.

O líder e Cacique Tukano , representante da Aldeia Maracanã , entregou um documento para analise do governo, onde estão os pontos de convergência para consolidação do Conselho dos Direitos Indígenas e a Reforma do Antigo Museu do Índio. �Estamos entregando aqui o documento para a abertura de um dialogo com o governo, um dossiê completo na nossa luta. Pedimos que o Governo acelerasse o projeto e não fique preso a agenda das Olimpíadas em 2016. Queremos a restauração do Museu do Índio e a criação de uma agenda da sua consolidação, e para isso também solicitamos a parceria da prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro com o Governo do Estado�, concluiu.

O Seminário o Rio Continua Índio , ouviu especialistas, historiadores e doutores, que contribuíram com suas reflexões sobre os seguintes temas: O Aldeamento dos Indígenas no Rio ; O Rio de Janeiro dos Séculos XVI e XVII; Os Índios na Construção do Espaço Urbano e na Defesa do Rio de Janeiro; O Movimento Indígena no Rio Hoje; Política Publica Indígenas na Cidade e no Estado no Rio de Janeiro ; Conselho Estadual dos Direitos Indígenas ; O Papel do Educador Indígena ; A questão Ambiental e a Demarcação de Terras Indígenas e por ultimo: A Arte Contemporânea na Cidade do Rio de Janeiro.

Texto: Reinaldo de Jesus Cunha - Presidente da Associação Universitária Latino Americana
Jornalista: 0036785/RJ

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