O RIO É CARIOCA E CONTINUA ÍNDIO - 450 ANOS DE FUNDAÇÃO

A Associação Indígena Aldeia Maracanã, realizaram em parceria com o Museu da Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Governo do Estado do Rio de Janeiro, representado pela Secretaria de Estado e Educação, Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, Secretaria de Educação e Tecnologia de Angra dos Reis, (IPAM) Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, (IAB), Instituto de Arqueologia Brasileira com a Exposição: “O índio no Recôncavo da Guanabara”, além Indigenistas, Antropólogos, Historiadores e intelectuais, realizaram “O Seminário o Rio Continua Índio”.  O Evento gratuito, realizados nos dias 20 e 21, na Rua Dom Manuel 29, Centro das 9h às 18h, e contou também com a presença de diversas lideranças indígenas, representados por Pataxós, Guaranis, Puris, Kaingáng, Potiguaras, Tukano, Kayapó, dentre umas dezenas de etnias presentes, que também aproveitou o evento para expor seu artesanato e danças tradicionais.   

Parecia à volta no tempo, precisamente 450 anos, data em que se comemora a Fundação da Cidade/Estado do Rio de Janeiro, (DC), em 2015. O próprio nome do Evento o Rio Continua Índio, reafirma a condição de ser carioca e indígena.

A Historiografia da Cidade excluem os verdadeiros protagonistas que construíram essa cidade como é o caso dos negros e indígenas.  Não existe índio na prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. A sensação que a historia oficial passa, é que não existiu e nem existe referência aos povos que fundaram essa cidade, originários da África como é o caso dos Sambaquis. Na nossa literatura e versão oficial é que nós somos oriundos do povo europeu, branco da Portugal, Espanha e França.

Segundo recentes estudos da Antropologia, os primeiros povos que fundaram a o “Rio de Janeiro” foram os povos Sambaquis “monte de conchas” a cerca de oito mil anos.  Segundo a teoria majoritária ou mais aceita: os Sambaquis migraram do Estreito de Bering, pelo mar ou andando pelas geleiras para as Américas, trazendo consigo vasto conhecimento sobre a agricultura, arquitetura e astronomia.

Os primeiros habitantes os Sambaquis, Tupinambás, Terminos, Puris, e Tupis, possuiam vasto conhecimento da matemática e da natureza, pois conheciam os dias de chuvas; o fenômeno das estrelas e constelações para o estudo da astronomia; a lua e sol para a fertilidade do solo; a importância das enchentes dos rios e mares para a agricultura e os benefícios das plantas medicinais; o cultivo da mandioca, aipim, feijão, milho, amendoim, caju, abacaxi, o pequi e o urucum, tabaco, pimenta, algodão que teciam suas redes, cestas de cipó panelas e a feitura de vasos de barro.  Utilizavam também para sua autodefesa, instrumentos de guerra, como: “o machado de pedra, facas do casco tartaruga e o arco e flecha” e habitavam e viviam em ocas, cabanas, malocas ou aldeias; Viviam em grupos, possuíam língua própria e moravam perto da floresta e do rio, para facilitar a agricultura a caça e a pesca.

Com seus cânticos e danças transmitiam seus conhecimentos milenares para as novas gerações. Adornavam seus corpos com pinturas em seus corpos, tocam e cantavam musicas com instrumentos de percussão e sopro, como o maracá, a flauta, tambores, bastões de ritmo, reco-reco e chocalhos – o próprio corpo humano, pela utilização de pés, mãos e outras partes do corpo.  É possível ver em algumas cavernas, pinturas rupestre na rochas e pedras de animais, plantas e pessoas. Estudos apontam que as pinturas rupestre ou arte, tenham sido originadas do homem do Cro-Magnon e Neanderthal, ainda no período paleolítico.

A relação dos descendentes dos Sambaquis, os Tupis, Guaranis, Tupinambás e outras culturas, não eram tão amistosos, como retratado no quadro de Victor Meirelles na primeira missa rezada pelos Jesuítas no Brasil. Nessa época as tribos guerreavam uma contra as outras, sendo os Tupis, os primeiros povos a entrar em contato as expedições (portuguesas, francesas e espanholas), que buscavam uma rota para o comercio de suas quinquilharias.

O povoamento da Baia de Guanabara pelos portugueses começou em 1530, com a vinda do Governador Tome de Souza, a serviço dos interesses da Coroa a fim de explorar a terra e o pau-brasil, muito abundante na nossa costa.

Para consolidar essa ocupação, a Coroa Portuguesa, “distribui terras a homens de muita posse, com vistas a fundar vilas, cidades, nomear ouvidores e tabeliães, arrecadar dízimos e escravizar índios e cativar gentios para seus navios”.

Para o calendário oficial do Rio, consta como Fundador da Cidade do de São Sebastião do Rio de Janeiro o Governador Estácio de Sá no ano de 1565. Sua principal missão foi expulsar os Franceses, e os índios Términos que travavam uma guerra de conquistas de território na Baia de Guanabara.  

Nesse momento em que se comemoram 450 anos de Fundação da Cidade. O Rio sediara em solo pátrio, os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, com atletas de vários países, de diversas modalidades em 2016.

Os preparativos para recepcionar os visitantes que chegam à cidade, não constam homenagens as comunidades indígenas ou aos seus descendentes que fundaram a cidade. Na cerimônia de Sydney na Austrália em 2000, que foi considerada a olimpíada do século, a principal estrela da festa foi à atleta Aborígene Cathy Freemam. Mesmo com o destaque de uma representante Aborígene na abertura do evento, foi possível ver os protestos da comunidade Aborígene, pelo massacre do seu povo. Segundo Isobel Coe, líder da delegação aborígene, o mundo precisa conhecer a historia dos ancestrais fundadores do país: “Os aborígenes esperam que as bandeiras proclamando "Autodeterminação, Soberania" atrairão os olhos do mundo para o seu sofrimento”.

Em contraponto ao esquecimento dos povos indígenas na agenda dos Jogos Olímpicos de 2016. A Associação Indígena Aldeia Maracanã (AIAM), organizaram no Museu da Justiça nos dias 20 e 21 de Agosto. O Seminário “O Rio Continua Índio”.  Segundo os idealizadores do evento. O objetivo do seminário consistiu em resgatar a identidade dos povos tradicionais; valorização da sua contribuição histórica, cultural e ética, na formação do povo Brasileiro.

O Evento foi realizado em parceria com a Associação Indígena Aldeia Maracanã, Museu da Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Governo do Estado do Rio de Janeiro, IAB, Instituto de Arqueologia Brasileira, Historiares e Antropólogos. Na pauta de exposição, os especialistas aprovaram: A criação do Museu do Índio; A Criação Do Centro de Referência e Tradições Indígenas; A criação da Universidade Indígena; A criação do Conselho Indígena, e por ultimo: a contratação de professores indígenas, em cumprimento da Lei 13.645, que estabeleceu uma serie de diretrizes no sentido de tornar obrigatório o estudo da historia e cultura indígena e afro-brasileira nas escolas publicas de Nível Fundamental e Médio.  

Segundo o Coordenador Adjunto dos Saberes Indígenas, MEC/SECAD de São Paulo, Edson Kayapo, que mediou o tema: “O Papel do Educador Indígena”. Segundo ele, a CRFB/88 consolidou deveres e direitos, que ate o presente é uma ficção. “Os povos indígenas sofreram historicamente a violência da cidadania integracionista, pela qual o Estado pretendia trocar direitos sociais pelo abandono das nossas identidades étnicas. Hoje, estamos lutando por uma política inclusiva, em que o direito à igualdade não signifique a perda da identidade sócio cultural. Somos iguais em valor humano e em direitos, e nosso direito deve estar vinculado às nossas diversidades socioculturais. Hoje, a educação escolar indígena diferenciada coloca sob suspeita a organização da educação por disciplinas escolares, no formato criado no ocidente. Buscamos o diálogo entre os conhecimentos através da intercultural idade, interdisciplinaridade, transdisciplinaridade, enfim, através da integralidade do conhecimento”.

Contudo, “O Seminário o Rio Continua Índio” foi sucesso foi um sucesso de publico. Espera-se que com as demandas entregues as autoridades a coisa aconteça e seja colocada em praticas e implementadas, como a consolidação do “Museu do Índio e/ou Centro de Convivência, além da criação do Conselho Indígena do Estado do Rio”. Para esse fim foi marcada uma reunião na Secretaria da Assistência Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro, dia 01/10/15 às 14: h00 para discutir uma agenda de atividades e as demandas dos povos originários.

Ainda são tímidas as conquistas por soberania dos povos indígenas no Rio, porém a chama esta acesa por novas conquistas. Segundo o Cacique Tucano: “Esperamos que a prefeitura coloque na programação dos Jogos Olímpicos atividades culturais em resgate da nossa cidadania e em parceria com o Governo do Estado, consolide o Centro de Tradição dos Povos Tradicionais, o Museu do Índio”, finalizou

Texto: Reinaldo de Jesus Cunha - Presidente da Associação Universitária Latino Americana
Jornalista: 0036785/RJ

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