OPY - Casa de Reza

Tekoa Ka’ Aguy Ovy Porã (Mata Verde Bonita), em São José do Imbassaí.

Maricá-RJ

Cacique Jurema Nunes

Pajé Dona Lídia

Darcy Tupã

In memoriam Pedro Oliveira
Quero que vocês plantem frutas, legumes, ervas medicinais, para que em momentos de crise, possamos ter autossuficiência alimentar para todos da aldeia.
Darcy Tupã


Cerimônia do Nhemongaraí & Comissão Guarani Yvyrupa


Na Tekoa Ka'Aguy Ovy Porã; Inauguração da OPY
Em Nova Terra Sem Males

R E S U M O

Com este trabalho etnográfico, buscamos com o levantamento de demandas da (Aldeia Mata Verde Bonita) Tekoa Ka'Aguy Ovy Porã; apontar os caminhos de realizações e perspectivas dos Guranani Mbya de Maricá. Em Encontro da realização Cerimônia do Nhemongaraí do Milho; As possíveis saídas, demandas, e soluções, foram discutidas pela Comissão Guarani Yvyrupa; Celebração da Inauguração da Casa de Reza Opy, com o tradicional batismos de crianças Guaranis; Consolidação da Terra Sem Males, Mbya, realizadas nos dias, Dois de Agosto de Dois Mil e Vinte Dois. Para realização deste artigo; Usamos como fontes de pesquisa: Entrevistas incloco; filmagens em vídeos do Yuotube da Cerimônia do Nhemongaraí & Comissão Guarani Yvyrupa; monografias; site; livros; Fotos; Laudos e Estudos Antropológicos; Demandas das reuniões com o CEDIND e atuação Jurisdicional.

Palavras Chaves: Guarani; Tekoa; Cerimônia do Nhemongaraí; Comissão Yvyrupa e Terra Sem Males.

AGRADECIMENTOS

Inicialmente gostaríamos de agradecer a comuna Guarani Mbya, Mata Verde Bonita, pela gentileza de estar sempre aberta ao acolhimento; pela permissão das lideranças da Comissão Guarani Yvyrupa, que nos permitiu, interagir, participar, trocar experiências, na Cerimônia, Celebração da Inauguração da Casa de Reza Opy, com o tradicional batismos de crianças Guaranis; na Consolidação da Nova Terra Sem Males, (Tekoa Ka'Aguy Ovy Porã), Maricá. A Cacique Jurema que nos recebeu de braços abertos, sorriso no rosto, em nome da comunidade guarani. A Darcy Tupã, que não mediu esforços para que encontrássemos a cura na Casa de Reza, em momento da celebração e conferência Yvyrupa; Pela possibilidade de conhecermos a comunidade no seu interior; Entrevistar o Zé Puri, figura emblemática, respeitadíssima que nos contou do dilúvio guarani e a chegada em Camboinhas, donde partiram para nova Terra Sem Males em Mata Verde Bonita. A Amarildo da Comissão Yvyrupa, que fez os primeiros contatos para que os Conselheiros do CEDIND, pudéssemos participar da Solenidade Nhemongaraí do Milho e das discussões; do agradável almoço comunitário, tudo com muito carinho. A instituição CEDIND, na sua importância de representação institucional. A Miguel Veramirim, pelas palavras de Sabedoria. Ao Júlio, pelo otimismo e perseverança. A Vanderley da Comunidade Indígena Céu Azul, pela acolhia. A Zé Purí, pelas palavras fraterna. A prof. Luiz Pellon da UNIRIO, pelas caronas em vista as aldeias e estimulo a pesquisa. A Cristiane Xavier, Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, presente na solenidade; ao qual todo momento tentou encontrar um ponto de equilíbrio, de aglutinação de propostas possíveis de realização. Ao professor Edmundo Pereira, de TA1, Introdução ao Estudo de Antropologia Social do Museu Nacional, pelas leituras e estimulo para que eu descrevesse esse trabalho como ferramenta de Lutas; bem como: ao Seminário de e ex. Alunos, na realização e discussões dos preparativos de GTs, em Antropologia Social 2022. Ao Baia VIVA, Sergio Ricardo Verde, Representante do Grumim, pela parceria e trabalho de Campo em visita as aldeias. Aos professores e alunos do CIEP 168, Nova Iguaçu; Em particular aos professores: Professor Cleber Siqueira Trancoso – Diretor Adjunto; Professor Mario Thurler – Coordenador do Projeto. Pela oportunidade de dialogar sobre a ‘Decolonialidade e Epistemologias Locais’ em fevereiro de 22. A Asfunrio, Associação dos Servidores da SMDS e Fundo Rio, pela ajuda na edição deste trabalho. A AULA, Associação Universitária Latino Americana, Universidade Indígena e Quilombola pela a representação no CEDIND, e apoio a luta dos povos originários na minha pessoa, Reinaldo Potiguara. As Comunas Indígenas que lutam contra o Marco Temporal, e um pais melhor, com a reparação de direito aos povos indígenas do Brasil. As comunidades de Terreiro, pela reafirmação da identidade nacional. A Geru Maa, Núcleo de Estudos Indígena e Pesquisa do IFCS/RJ, pelas reuniões e troca de saberes.

I N T R O D U Ç Ã O


Os dados que dispomos de povos indígenas no Brasil segundo o Senso IBGE de 2010; A população indígena no Brasil, está em tono de 896,9 mil aproximadamente. Acredito que esse número está superestimado, uma vez que os pardos e negros são mais de 50% da população brasileira, e que hoje, o pardismo é um campo de disputa tanto para a comunidade preta e indígena, Sabemos que os chamados pardos, é um nome auto referenciado pelos portugueses, para distinguir os bárbaros de pindorama, no processo de colonização. Com relação ao povo e nação guarani, sua localização, apontam estudos, que os guaranis estão localizado mas especificamente em: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Bolívia. Segundo o Conselho Indigenista Missionário A estimativa do da população guarani seja de 225 mil pessoas.

“Em nosso país, essa população está em torno de 55.302 índios, distribuídos principalmente nas regiões Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná), Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo) e Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul). Trata-se de uma das maiores populações indígenas do país, representando 10,2% do total de índios em território nacional Espírito Santo) e Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul). Trata-se de uma das maiores populações indígenas do país, representando 10,2% do total de índios em território nacional do Sul, Santa Catarina, Paraná), Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo) e Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul). Trata-se de uma das maiores populações indígenas do país, representando 10,2% do total de índios em território nacional”

Para o povo guarani Mbya, a Casa de Reza é onde são realizados os festejos, cura dos males. Através de cânticos, rezas e fumaça do cachimbo sagrado. A pajé (o) recebe as mensagens de cura para os integrantes da aldeia, através do sopro divino de Nhaderu Ete. Segundo Brighenti: “Os elementos indispensáveis ao tekoa são uma região de mata preservada (necessária à caça, coleta e perambulação), uma área cultivável para as plantações; e, por fim, o espaço social da aldeia, onde ficam as casas de moradia e de reza (opy)”. Daí a busca constante pela Terra Sem Males, onde possam criar seus filhos com comida em abundância, por isso migram constantemente para outro lugar, e depois retornando ao local de Origem. Para Hélène Clastres: A Terra Sem Mal, é antes de tudo um lugar de abundancia: o milho cresce sozinho e as flechas vão também sozinhas à caça. Uma Terra livre, sem proscrições. É a contra-ordem, a plenitude da liberdade. O trabalho e as leis são portanto, o Mal criado pela sociedade”. Já na Cerimônia do Nhemongarai, todos membros da comunidade, suas famílias, participam da cerimônia na opy’i para escutar ayvu porã dos xamoi kuery e xaryi kuery. E na Opy que acontecem os rituais. A noite todos entram na casa de reza para dançar, cantar e rezar, utilizando o petyngua. Segundo Darci da Silva - Karaí Nhe'ery, em sua monografia disponibilizado na internet:

[...] É através do petyngua que o xamoi busca a conexão com Nhanderu para obter ayvu porã e também para abençoar todas as pessoas que estão no ritual. É com o petyngua que se fazem os agradecimentos do dia a dia e também para que seja abençoado o Nhemongarai, agradecendo todos os espíritos das crianças e dos adultos, que fortalecem o xamoi. A fumaça do cachimbo leva o pensamento das pessoas para yva. Quando se fuma o cachimbo tem que ter xerovia no que se deseja. Precisa enviar a fumaça do cachimbo para o céu e Nhanderu, através disso, terá acesso ao pensamento e assim se alcança a realização desses desejos. É através do petyngua que se busca o conhecimento sobre a cosmologia mbya. Dessa forma que rituais são praticados nas aldeias. Esses rituais e toda a cultura guarani estão ligados a nhande reko que nós guarani vivemos na tekoa. Todos esses conhecimentos nós adquirimos com xamoi kuery e com xaryi kuery, através dos ensinamentos na opy’i. Para agradecer a nhanderu, os sábios podem utilizar a palavra aguyjevete dentro da opy’i. Eu não posso falar aguyjevete fora da opy’i. Pode falar aguyjevete para os xamoi kuery e xaryi kuery e quando você busca algum conhecimento dentro da opy’i. Você pede a Nhanderu o fortalecimento da vida, a proteção à nossa família e então agradece com aguyjevete. A palavra que mais utilizamos é ha'evete, que significa obrigado. Se usa quando você agradece a um amigo pela bondade. Não se pode dizer ha'evete para Nhanderu, tem que dizer aguyjevete. (Silva, Darci, pag. 16 e 17).

A Comissão Guarani Yvyrupa, é uma comissão formada por lideranças indígenas e não indígenas, cujo o objetivo é levantar as demandas nas aldeias guaranis e buscar soluções, desde no âmbito do poder público, legislativo, executivo e judiciário, sejam na iniciativa privada, e ou mesmo: representações institucionais por meio de associação o Conselhos, como é o caso do CEDIND, (Conselho Estadual dos Direitos Indígenas do Estado do Rio de Janeiro. Os fluxos guaranis e o movimento guarani, se articulam entre as aldeias é a intensa rede de trocas e fluxos populacionais em rede. É comum encontrar os guaranis, distribuídas por uma extensa região no sul do continente.
“As diversas terras Guarani não estão isoladas, mas interligadas por redes de parentesco e reciprocidade. Os Guarani “mantêm entre si estreitas e intensas relações políticas, matrimoniais, religiosas e econômicas. Seus moradores vivem em constantes visitas uns aos outros. A população Guarani, apesar de se fixar durante períodos de até vários anos em determinadas aldeias, circula entre diferentes áreas, e dificilmente se encontram numa família pessoas que não conheçam ou não tenham vivido em outras aldeias”.

Na primeira parte deste trabalho, fazemos breve resumo das discussões na Opy, levantadas em Conferência da Comissão Yvyrupa; Inauguração da Casa de Reza e Batismo e Nhemongaraí do Milho. Na segunda parte deste trabalho, falamos de Diálogos Ancestrais, Puri, guarani e potiguara, ocasião em que a pedido de Darcy Tupã, fomos conhecer Zé Purí, Xiramoy, de grande respeitabidade na comunidade, onde nos permitiu através de entrevista inloco, conhecer um pouco da sua cultura, saber cosmológico e ancestralidade. Por último: Analise conclusiva com as principais propostas e demandas apresentadas a Comissão Yvyrupa, norteadoras das ações a serem materializadas com luta.

Senso IBGE, 2010

Terras Guaranis do Sul e Sudeste – Comissão Pro índio de São Paulo (2009) Carolina K. I. Bellinger Daniela Carolina Perutti; Lúcia M. M. de Andrade;

Helena Clastres; Tradução Renato Editora Brasiliense 1978

Darci da Silva - Karaí Nhe'er - NHEMONGARAI: RITUAIS DE BATISMO MBYA GUARANI; Florianópolis 2020.

Comissão pró-índio de São Paulo; Guarani Mbya e Tupi - AS TROCAS E FLUXOS POPULACIONAIS: O MOVIMENTO GUARANI

RITUAL NHEMONGARAI EM MATA VERDE BONITA
BATISMO NA OPY & COMISSÃO YVYRUPA 2 a 4/8/22

Nos dias Dois à quatro de agosto de Dois Mil e Vinte Dois, na Aldeia Mata Verde Bonita, em São José do Ibassaí, Maricá, realizou-se o tradicional RITUAL NHEMONGARAI (Avxi’i) momento em que celebra-se o milho sagrado para os guaranis, e/ou ritual de batismo do milho. Em dado estante depois do almoço no primeiro dia, fomos convidados adentrar OPY (Casa de Reza), e sentarmos nas cadeiras para ouvir a Cerimônia de Abertura dos Diálogos em Conferência, Yvyrupa. Darcy Tupã, membro da Comissão Yvyrupa, abriu a solenidade Nhemongarai, convidando todas as famílias guaranis de várias aldeias presentes, lideranças indígenas (Tery) convidados, autoridades para ouvirem as lideranças. Dando início a solenidade. Convidou o Amarildo com o seu ( Mbaraka ) violão com afinação guarani (o violão guarani, que tem cinco cordas, porque cada corda tem seu significado); E em conjunto com o Coral guarani da aldeia Tekoa Ka'Aguy Ovy Porã, para ouvirmos e cantarmos (opy’i) escutar ayvu porã dos xamoi kuery e xaryi kuery; Atrás (Nhamandu amba) altar do deus do sol, que fica na direção leste, onde nasce o sol; (Nhande kupe oeste), onde o sol se põe (nhande: nosso, kupe: costas) em homenagem (Nhanderu) nosso Pai Supremo, Deus Criador; após a pitada (Petyngua) cachimbo sagrado que traz a conexão para as falas sagradas, é utilizado nas cerimônias e também é utilizado para curar as pessoas. Logo após a saudação do Coral, foi chamada a Cacique Jurema Nunes, para a sua (Ayvu ete) fala verdadeira, que vem do nhe’e. Jurema resumiu a resistência dos guaranis em permanecer em Mata Verde Bonita, lugar que é sagrado para seu povo. Dizendo que a comunidade quer a Titulação Definitiva por parte do poder público da Aldeia Tekoa Ka'Aguy Ovy Porã é o desejo de todos. Fez breve retrospecto as saída de Camboinhas pra Lá; Do manifesto assinado por todos da aldeia encaminhado as autoridades. E que esperava dos Xondaros e a Comissão Yvyrupa, DPU, DPE, CEDIND, Prefeitura de Maricá, no fortalecimento dos ideais guaranis, e consolidação de políticas públicas, nas áreas de saúde, educação, cultura, saneamento, dentro da aldeia. Agradeceu a presença de todos nos esforços da realização da cerimônia Nhemongarai; o batismo de homens e mulheres da aldeia; esperando que tudo ocorra bem por força de Nhanderu ete.

Em seguida Darcy Tupã, faz breve retrospecto da chegada na aldeia Mata Verde Bonita, e a alegria de estar neste território, onde cerâmica guaranis, encontravam-se enterradas junto ao Cemitério indígena a mais de três mil anos. “Não acredito, a gente pode morar aqui; vamos construir aqui nossa aldeia? Então, Vamos fazer a reza aqui, e se os nossos ancestrais permitirem, a terra é nossa”, para alivio de todos. “Então foi assim, meia hora depois os parentes saíram correndo por todo canto e dizendo: vamos nos mudar logo pra aqui. A transição de sair de Camboinha pra cá levou um ano. Já tínhamos conseguido tombar Camboinha como área de território sagrado guarani. E no dia 19 de abril, vieram seis famílias. Em quinze minutos que estavam aqui, apareceu Juruá ai em frente, dizendo que era dono daqui. Na nossa chegada mapeamos tudo através de drones e só faltou a assinatura do prefeito de Maricá Quaqua. Em seguida nos mobilizamos para colocar luz, e assim estamos aqui a dez anos. Aqui neste lugar já temos mortos enterrados aqui. E pra nossa cultura isso é muito importante; pois, na nossa cultura, o que morre é a carne e não espirito. O nosso povo está aqui antes dos colonizadores espanhóis e portugueses. Estive na França recente e estamos em articulação de realizarmos jogos indígenas na aldeia. Soube que estavam fazendo obra em cima no território indígena, fiquei muito preocupado. A prefeitura de Maricá deu alvará para construção o Resort. Eu quero entender? Pois, passados mais dez anos aqui na aldeia; ainda não temos resolvido o problema da agua. A CRFB, diz que independentemente de estar codificado, é direito da população: saúde, educação, esporte e cultura. Meu pai antes de ir para onde repousa os mostos, três dias antes, pediu para plantarmos frutas para as crianças, laranja, banana, e outras, para que em momento de crise, possamos ter autonomia alimentar. Tirar os indígenas daqui para fazer Resort para estrangeiro é besteira. Chega de promessas das autoridades dizendo que apoia a cultura, apoia a aldeia, chega”, lamentou. Luiz Pellon da UNIRIO, disse que não tem certeza, porque teria que perguntar a especialistas do Direito, se “o fato de ter plantações e edificações no território, é o suficiente para o usucapião; pois, o fato de ter mangueira produzindo na aldeia, não é o suficiente”, salientou. Toni Lotar contribuindo, argumentou que a prefeitura de Maricá, pediu a FUNAI em 2009, para fazer o estudo. “NA época a Secretaria de Direitos Humanos, Zeidan, que fez o estudo preliminar, da solução; pois temos o poio do CEDIND a própria Comissão Yvyrupa, que está através dos meios jurídicos, provocando o Judiciário para uma solução. Pois não faz sentido dez anos de promessas”, acrescentou.

Darcy Tupã: “É verdade, aqui não foi invadida, foi prometida, e esse ano, é ano de conquistas”, emendou. Em seguida passou a palavra para Miguel Veramirim. “É importante ressaltar que os nossos tiramoy, não estão mas conosco. Antigamente eles saiam por nossos territórios passando as informações, após receberem mensagens na Casa de Reza. Por isso a importância da Comissão yvyrupa, para lutar por nossos direitos aqui. Eu não me adapto morar na cidade, meu espirito não aceita. Eu posso ter dinheiro, mas meu corpo não vai aceitar. Eu vou querer voltar pra aldeia, pois aqui está a nossa saúde. Ainda quanto eu tinha doze anos, perguntaram o que é mais importante para a aldeia, era uma maneira dos tiramoy saber a opinião dos jovens. Fiquei muito reflexivo pensando, será minha família, minha casa, meu filho, meu tio, porque todos são importantes. Depois cheguei à conclusão que era a Opy. Quem vai decidir se vamos ficar aqui é Nhanderu, pois é ele que nós dar saúde, não é dinheiro, é isso”, ponderou. Em seguida foi dada a palavra para a Defensora Pública Cristiane Xavier, agradeceu a acolhida por estar aqui na aldeia pela primeira vez. “É muito importante ouvir as falas e os lugar de falas, e que possamos refletir sobre o Brasil que não está na internet, na universidade, rodas de conversas do Juruá, e talvez seja o gargalo para não conhecermos a nossa história. Porque esse dezenove de abril que aprendemos na escola é muito simples, singular, folclórica, e que não expressa a nossas necessidades. E fico me perguntando: O que as instituições estão fazendo pra essa comunidade? Tem alguma demanda relativo a documentação, agua, e outros? Pois entendo que a questão da ancestralidade e direitos indígenas devem ser preservadas. Neste momento do senso, que vai mapear as cidades, os municípios, é um momento importante para o reconhecimento da nossa cultura. Eu trabalho com a população em situação de rua para garantias de direitos, estou aqui otimista para aprender e somar com vocês aqui na aldeia”. Em seguida, falou a Dra. Tamires da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, que falou do seu entusiasmo de estar na aldeia Mata Verde Bonita, e que está atuando na área de direitos humanos, e que está aqui para lutar e apoiar todas as formas de conquistas”, ressaltou. Em seguida foi dada a palavra ao Júlio Guarani, que fez breve explanação das dificuldades das aldeias, e chamou atenção aos assassinatos no campo e aldeias. “Várias lideranças estão sendo mortas. Além disso o discurso de ódio do governo, influência a violência contra os povos indígenas. Chegamos ao absurdo de ver ao vivo até da polícia federal agir com truculência, violência, e isso preocupa. Estamos resistindo a discriminação, e continuando a luta. É difícil traduzir essa violência. Chegam até falar que os Cocas dos indígenas tem que está no museu, isso nos entristecem. Mesmo tendo royalties de petróleo em Maricá, vimos as escolas abandonadas, sem material didático, com um município rico. Nós indígenas vimos isso constantemente dentro das aldeias e é o momento da Comissão Yvyrupa, levar nossas demandas”, realçou.

Com a palavra, Dra. Gabriela da Comissão Yvyrupa, fez uma avaliação das principais dificuldades enfrentadas pelas aldeias guaranis, e da importância da luta. “Começamos no Vale do Ribeira, com mais de trezentas lideranças indígenas discutindo a criação desse nome Yvyrupa, que nos liga a todo esse globo terrestre aqui na terra. É o lugar onde vivemos, te todos os lugares viventes. Criamos um CNPJ, e como estratégias: buscamos financiamentos, elaboração de projetos, contratação de profissionais que traduzam para o mundo Juruá, os direitos das terras guarani. O foco é a Defesa Territorial e Demarcar todas as Terras indígenas. Agente tem um governo que prega um discurso, dizendo que nenhum território vai ser demarcado. Agente tem na FUNAI, uma pessoa que está lá pra dificultar a reparação ou fazer garantir a Lei. A FUNAI, desmobilizou internamente os Departamentos Internos, para dificultar as Homologações de Terras Indígenas. E seu papel não está sendo cumprido, como: identificar, delimitar, demarcar terras indígenas; Coordenar e implementar políticas voltadas a proteção dos povos indígenas isolados e recém descobertos; Elaborar ações que visem assegurar a diversidade cultural entre os diferente grupos étnicos; conservar e recuperar as terras indígenas, no que tange à paisagem, aos ecossistemas e aos recursos naturais e monitorar as políticas que se destinam a seguridade social e a educação escolar indígena. Ou seja: Tudo isso sem andar, sem solução. Durante muitas vezes, os pareceres da FUNAI, são contra os povos indígenas. A Terra indígena do Jaraguá, estamos sendo ameaçada, pois querem fazer empreendimento imobiliário que vai impactar a vida dos povos indígenas lá. Só queremos fazer e defender os interesses que está na lei, não é benevolência, mas cumprir o que está na CRFB, artigos 231 e 232, e fazer respeitar. Aqui em Mata Verde Bonita, tem estratégias que devemos discutir internamente dentro da comunidade. Mas qualquer licença, qualquer parecer, tem que ter a consulta a comunidade. Tem que ter a consulta previa e bem estabelecida. E que esse nome Maraey, ‘Terra Sem Males’, é um uso improprio desse empreendimento. E mesmo sabendo que tem povos indígenas no território, não estão sendo cumprido o protocolo. Então o que exigem além do EIA, o Estudo de Impacto Ambiental, é a consulta a aldeia.

Então, tem uma condicionante de consulta aos povos indígenas, porque não estão sendo levados em consideração os estudos técnicos científicos, antropológicos, geológicos, biológicos, do modo de ser indígena. Nós não queremos só Judicializar a luta. Mas enquanto assessoria jurídica aqui nessa reunião na comunidade, é pra saber o que fazer. Existem duas ações civil pública, em andamento que não fala dessa comunidade indígena. Estamos com a DPU, estabelecendo estratégias para garantir os direitos. Não estamos aqui dizendo que o empreendimento tem que sair, estamos querendo ser ouvidos e saber os quais impactos que esse empreendimento vai causar. E ai saber se terá compensação; se vamos sair, se vamos para outro lugar. Mas tem que ter amparo cientifico. É muito estranho vir para Mata Verde Bonita, e com uma boa relação com a prefeitura de Maricá, os órgãos responsáveis pela questão fundiária não participem. Eu não sou sozinha, é uma equipe de trabalho, administrativa que faz a comissão funcionar” ratificou. Com a palavra Toni Lotar, disse que chegou a hora da Comissão Yvyrupa, local, se articular. “Precisamos mostrar a prefeitura de Maricá, a situação real, para dotar a comunidade de autonomia alimentar. Não somos contra ninguém, a penas queremos os nossos direitos. Conquanto CEDIND, nós votamos o total apoio a permanência da comunidade Mata Verde Bonita” resumiu. Darcy Tupã, com a palavra, disse que a luta indígena é de todos os povos indígenas. As crianças aqui na aldeias são muito ligada na escola, elas gostam muito. Tem boa merenda, professores, e as crianças gostam. Eu vou em Paraty Mirim, eu vejo uma escola que foi construindo pelos mais velhos, funcionando precariamente, faltando material didático e isso me entristece. Aqui se tivermos água, teremos tudo. Eu fico muito emocionado, mais acredito que vamos conquistar muita coisa ainda”, refletiu.

Em seguida foi dada a palavra a Reinaldo Potiguara, o mesmo defendeu o direito da permanência dos guaranis em Mata Verde Bonita, e a titulação em definitivo com a demarcação. “É importante ressaltar que os indígenas tem direito o direito a uma qualidade de vida satisfatório; E que as autoridades, a prefeitura de Maricá tem que se empenhar em consolidar a permanência na aldeia. É bom lembrar que os guaranis já estão aqui muito antes dos português e espanhóis conquistarem esse território. E o direito a uma boa qualidade de vida está assegurado na Convenção Sobre Povos Tribais, a OIT 169, ao qual o Brasil é signatário. E o Juruá com suas leis tentam desconhecer um direito natural, que é anterior a própria constituição deste estado. Estamos falando em uma antítese, em que se sustenta na família, nos Tiramoy, no trabalho coletivo, no respeito ao próximo, a não depredação, poluição, defesa do ecossistema equilibrado. E Isso é o DNA guarani. Essa cosmovisão guarani antecede a escrita do branco, suas leis e costumes. Como disse Pierre de Clastres, em A Sociedade Contra o Estado: A luta do povo guarani ela é natural contra o estado, porque não estamos falando de reis, imperadores, governadores, de gestão pública de estado. Mas de um estado natural, em perfeita harmonia, equilíbrio com a mãe terra. Os brancos estão preocupados no acúmulos de bens, dinheiro e poder. Os povos originários estão preocupados em ter uma vida serena, sadia, com a graça de Nhanderu. Os liberais do governo, falam em estado mínimo, que o estado não tem que ter regulação, mas é só da boca pra fora. Porém, quando estão lá, utilizam o estado para favorecerem suas empresas e seus familiares. E se tem uma Universidade, academia como diz o Juruá. Eu entendo que academia é aqui na OPY, na cada de reza. Os brancos tem muito que aprender com o modo de ser guarani. E pra mim é muito gratificante estar com os guaranis, aprender, ter a oportunidade desse momento de cura. Almoçar coletivamente, dançar, tomar chá, falar com os mais velhos. Ter a oportunidade de ter um momento de cura espiritual. com a oração do pajé; respirar o ar, andar descalço, ter uma prosa. Tudo isso pra mim, é qualidade de vida e não acumulo de bens. A nossa riqueza é nossa saúde. Não é demais pedir ajuda a prefeitura de Maricá, da sua intervenção, de seu apoio institucional. Percebemos já a presença do estado, através da Companhia de Limpeza; Dos agentes de Saúde; Profissionais de Educação; Segurança pública. Mas o que falta? Em se tratando de administração pública, falta a presença física dos órgãos ambientais, jurídicos para a consolidação do território. E a Comissão Yvyrupa, tem essa tarefa da articulação jurídico político; mas não só isso. Queremos uma troca sadia como cidadão desse pais. E essa solenidade do milho; inauguração da Opy, do batismo de nossas criança, possam nos energizar, e que saiamos daqui uma pessoa muito melhor”, agradeceu.

Com a palavra Dra. Cristiane Xavier da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, fez uma crítica ao imobilismo para identificar a necessidade da Aldeia Mata Verde. “Vamos saber qual as demandas: Já sabemos que a água é uma delas. Então, precisamos ver a dimensão dos fatos administrativos, sensibilizar as autoridades, para ver o resultado dessa mobilização. Não adianta eu falar várias coisas nesse mundo programático, sem ter certeza das ações concretas. Tenho que chamar o poder público municipal? Estadual? Temos projetos para buscar recursos, eu não sei? E uma vez não tendo êxito, buscar outras intervenções. A dor eu já identifiquei aqui. Uma delas é a realização da Casa de Reza. O Resort é um complicador e os problemas são diversos, são vários no estado, sabemos disso. Mas a resistência a tudo isso não tem preço, faz parte de uma consciência cidadã. Essa intervenção pra mim já está marcada como referência. Então o que precisamos: precisamos sim de instrumentos de atuação para focar me projetos viáveis nas aldeias. Eu digo: vamos avançar um passo e depois outro. Como Defensora Pública, eu gosto de realizações. Pensar em solução e é essa força da minha contribuição, sejam: com a Cacique, o poder municipal, a secretaria do Meio Ambiente, o que podemos fazer? Isso é o que meu coração está dizendo”, concluiu. Com a palavra Vandeley, da Aldeia Céu Azul de Maricá, agradeceu a Comissão Yvyrupa, e que está sendo articulado uma parceria com a prefeitura de Maricá, um lugar melhor, um espaço para nossos povo. E que um encontro como esse, traz melhorias pra nossas comunidades. Sem a garantia do espaço, do território, não se tem saúde. Essas palavras dos Tiramoy, sagrada, com união vamos trazer direitos. Está na hora de a gente se organizar, mandar oficio, bater na porta de Juruá, porque tudo tem limites. Eu fecho por aqui minha fala, e espero que façamos a articulação com outras aldeias para consolidar nossos direitos”, sustenizou. Em seguida, passou-se a Celebração de Inauguração da Casa de Reza, com cânticos de louvor a Nhanderu Ete; Os Xondaros começaram fumar o Petyngua; A pajé em momento de Cura, limpou o território com sua espiritualidade elevada. Após a oração coletiva, a limpeza da alma, podemos sair da Opy, livre, leve e solto; com a certeza de que os desafios são muitos na saúde, educação, cultura, lazer. Mas como ali também estavam os espíritos dos mortos, do saber dos Tiramoy e a fortaleza dos Xondaros (as). A porta se abriu para que saíssemos. Mas a cerimonia continuou, pois na Casa de Reza Mbya, um guerreiro fecha a porta. E só é permitido sair depois que os ancestrais autorize e que aconteceu. Depois gentilmente, fomos saindo de fininho, sem prejudicar o ambiente sagrado; com os Xondaros nos levando até o transporte com toda segurança de Nhanderu Ete.

Encontro das Ancestralidades Guarani, Purí e Potiguara na Aldeia Tekoa Ka'Aguy Ovy Porã, Maricá: Zé Purí, Darcy Tupã, Reinaldo potiguara, Sergio Verde Potiguara e Wender Puri; Na Cerimônia do Nhemongaraí & Comissão Guarani Yvyrupa, 02/á/04//08/22.

As quatorze horas do dia do quatro de agosto de 2022, ocasião de confraternização da Inauguração da Casa de Reza (Opy); realização da Cerimônia do Nhemongaraí & Comissão Guarani Yvyrupa, realizada na Aldeia Mata Verde Bonita, em momento de são refletidas as problemáticas de âmbito nacional, e apontadas saídas, para o bem viver guarani; a principal, a consolidação dos territórios guaranis; o fortalecimento da língua; costumes e tradições; crenças, atividades sociais, culturais, esportivas; convivência e prevenção interétnico; e o convívio com Juruá. Segundo estimativas da imprensa: “Existem aproximadamente, 280 mil pessoas Guarani distribuídas em 1461 comunidades, aldeias, bairros urbanos ou núcleo familiares nos quatro países. A maior parte da população Guarani – 85 mil pessoas – vive no Brasil, seguidos de 83 mil na Bolívia, 61 mil no Paraguai e 54 mil na Argentina”. No Rio de Janeiro, Em aldeamentos vivendo em aldeamentos, em média, segundo dados levantados pelo CEDIND, tem aproximadamente 1200 indígenas e em contexto urbano, segundo o senso de 2010, que está defasado: No Brasil, foram diagnosticada 817 mil que se autodeclararam indígenas, sendo 315 mil morando em áreas urbanas. Com no novo senso 2022, acreditamos que esse número vai crescer em face da mobilização nacional dos povos indígenas pela maior grau de conscientização e engajamento na luta do reconhecimento indenitário. Em momento de descontração depois de um almoço comunitário. Em bato papo informal embaixo de uma arvore a pedido de Darcy Tupã; Fomos conhecer Zé Puri’, 69 anos, parente de Darcy que se encontra em convívio e morando na aldeia guarani à mais de 10 anos, que em guarani tem o nome, Tekoa Ka'Aguy Ovy Porã. Aproveitando o momento de digestão dos alimentos e esticando as pernas. Darcy Tupã, nós chama atenção, para conhecermos uma figura na aldeia de bastante prestigio, seu parente Zé Purí e que deveríamos conhece-lo. Com a concordância de todos, nos dirigimos para casa do Zé Puri, a poucos metros do rio. Ao chegarmos fomos bem recebidos por ele.

Darcy Tupã, falou que desejaríamos trocar uma prosa sobre a sua permanência ali na aldeia; O que prontamente houve concordância de falar conosco. Com a palavra, Darcy Tupã fez uma breve apresentação do Puri, afirmando: “Zé Purí, além de conselheiro; apoiador; construtor; mateiro; erveiro; É líder inconteste, e reconhecido pelo nosso povo guarani com uma grande liderança”. Abrindo o diálogo proposto por Darcy. Sergio Ricardo potiguara, faz breve retrospecto sobre o bioma da mata atlântica; da importância dos diálogos que estamos realizado da três etnias: potiguara; purí e guarani na aldeia Mata Verde Bonita, que em guarani: chama-se, Tekoa Ka'Aguy Ovy Porã; Da importância de falarmos de cosmovisões e sensações diferentes e Legado Guarani; A herança da sabedoria guarani Mbya, na Cerimônia Nhemongaraí & Comissão Guarani Yvyrupa. Com a palavra, Darcy Tupã disse da importância de registramos esse momento de grande significado particular, pois a muito queria prestar uma homenagem a Zé Purí: “Acredito muito em Nhandearu (Deus), que nessa passagem pela terra, nos proporciona uma caminhada especial em nossas vidas”. E continua: “Conheci seu Zé Purí, através de sua filha Nama em passeio no Rio. Nos casamos, tivemos dois filhos, e com o convívio tive oportunidade de conhece-lo em MG, Sete Lagoas, um lugar conhecido como Serra do Cipó”. Segundo Darcy, a filha falava e comentava muito dele até que nos conhecemos”. Darcy descreveu Zé Puri, como uma pessoa pequena em estatura: “O legal que por ter um metro de índio, ninguém acreditava na sua capacidade como construtor; Mas, ao velo com a mão na massa, percebeu tratar-se de um excelente construtor”, adiantou. “Conheci ele construindo uma casa gigante, não acreditei que um índio tão pequeno pudesse construir aquela casa. A nossa história é assim, coisa de família, de parente. Hoje Zé Purí, faz dez anos aqui na Aldeia Mata Verde Bonita”. Com relação a lideranças respeitadas pelos guaranis do Estado do Rio de Janeiro, argumenta: “Existe dois que nós reconhecemos como ‘Xeromoy’, guerreiros: Augustinho’ (Karai Tataendy) de Araponga e Zé Puri, que hoje mora e faz parte da Aldeia Gurarani”. Para Darcy, tanto Augustinho como Zé Purí, tem muita força espiritual, conexão com a natureza; E que nos guia para bom caminho e uma vida melhor”.

Com relação a Zé Purí, conta um segredo: “Desejo resolver a sua aposentadoria é meu desejo”. E continua: “Ainda não está aposentado, mas é o nosso desejo que ele tenha seus direitos garantidos para os momentos que ainda restam, tenha uma vida digna”. Narrando fleches da sua história de vida, Zé Purí, nos conta: “Eu vim de Minas Gerais, um lugar conhecido como Jaboticatubas, na ‘Serra do Cipó’, em ‘Conceição do Mato Dentro’, beirando a Serra na estrada Rio abaixo. Minha família foi nascida e criada dentro do mato, dentro da roça. Nós roçava tudo e plantava de tudo. Tudo que plantávamos, colhíamos e guardávamos para as despesas futuras”. Essa rotina, fazíamos todos os anos. Meu avô tinha 50 alqueires de Mato que deixou para os filhos. Ele não deixava agente destruir o mato. Ele dizia: “Está vendo aquela varinha ali” descrevendo. “Daqui a dez anos ela plantada, é uma peça para fazer uma casa. Se você cortar, o que você vai ter no futuro? Ele dizia: deixa o mato crescer”, não corta o mato”. Dentro da nossa terra, tinha um correguinho que me chamava atenção, disse: “Você não está vendo agente buscar aquela agua quando o rio enche? Aquela agua limpinha que bebemos”, indagou? Esclarecendo: “Aquele córrego depois de três dias, você verificou que a agua abaixo, no fundo está limpa? Você percebeu que o lixo se acumula embaixo, e em cima está limpo? Não é assim em uma lata d’água, descreve? E continua descrevendo a fala do seu pai: “É por isso que não se pode cortar nada, senão não vamos ter agua quando precisarmos”, resmungava. “Assim, nós fomos criados: bebendo remédio do mato com casca de raiz, sementes e folhas. A minha avó era tratadeira. O nome dela é Maria Gomes Ferreira, e meu pai, Miguel Lopes. A minha Vó, foi pega no Laço, em uma emboscada e levada para casa do meu pai. Aos poucos foram convivendo e vivendo. A minha mãe era braba de mais. Eles tiveram que ir amansando ela, convivendo até ela se tranquilizar”. Com relação à ancestralidade, conta: “Eu fiquei com dois sangues: um por parte da minha mãe e outra por meu pai. Por parte da minha mãe eu sou Purí. Eu sou o primeiro neto da família, e minha avó tinha muito respeito e carinho comigo. Como descendente Purí, eu tinha enorme prazer de falar com ela”, relembra. “Eu costumava ir pro mato, amolar o facão para plantar. Ela dizia: corta essa raiz, corta essa planta, para fazer remédio. E foi assim que aprendi com ela. Nunca precisei usar os remédios da farmácia; nunca precisei ir ao hospital até hoje”, descreve. “Meu remédio é da natureza, é do mato”. Com relação ao fumo, descreve: “Comecei a fumar cigarro de palha na roça, aos 15 anos. Era tanto mosquito que agente fumava cigarro para espantar os mosquitos. Meu avô falava: “acende um cigarro ai meu filho e vai soltando essa fumaça para espantar os mosquitos”. Até hoje eu fumo, não tem como parar. Ai aprendi com meu avô plantar, cuidar das coisas. Ele não tinha muita criação de bichos, ele não gostava. Ele dizia que não ia mexer com essas coisas: ‘deixa o mato ai’ dizia. Eu puxei meu avô nesse ponto. É bonito ver a planta crescer, agente respirar esse oxigênio pela manhã, sentir o cheiro da flor com orvalho”, resmunga. “Isso é remédio pra nós, é saúde”.

Fazendo um paralelo entre homem e mulher, descreve: “O homem quando se casa, ele arruma uma mulher e tem que cuidar dela; Assim é também com a flor é do mesmo jeito; Você tem que cuidar dela para ela viver bem”. Dando ênfase ao seu raciocino diz: “Se você tiver um jarro de planta e deixar lá por três meses, abandonada, você vai encontrar ela seca. Então, assim como a mulher. Você tem que olhar para planta para saber se ela tem praga ou não, ai você retira aquela que está contaminando e corta; procura saber se ela está precisando de agua; Se precisa de sombra, o que ela está precisando, igualzinho a mulher. Hoje eu chego lá em casa do meu pai, ainda hoje no correguinho tem agua limpa. Mas se cortar o mato ai não tem não; não vai ter nada. Então, é assim que vamos zelando pela vida. Eu não tive estudo, não tive como estudar. A escola era muito longe, não tínhamos como ir até lá. Ou você trabalhava ou estudava. As vezes ficávamos anos sem ter dinheiro no bolso”. Com relação aos alimentos, descreve. “Quando não tínhamos e precisávamos de um alimento: trocávamos milho por feijão; porco, por outro animal, ou comida com quem tinha”. As coisas eram muito longe, diz; “Nos andávamos desde das seis da manhã até as seis da noite pra comprar um pouquinho de café pra torrar em casa, e as vezes não achava. Quando você encontrava, você ganhava o dia. Tudo era muito difícil. Da minha casa a ‘Sete Lagoas’ era cem quilômetros. O Cara vinha de longe, de lá pra vender algodão, milho, deixar aqui e retornar. Em Sete Lagoas tinha uma fazenda, um armazém muito grande; Tinha um curral para entregar, pesar as coisas e deixar lá. Ali você vendia seus produtos e pegava o que precisava”. Com relação ao transporte de carro, diz: Quando eu vi um carro pela primeira vez na vida na minha terra, era coisa doutro mundo”, descreve. “Ontem, eu bem sentado aqui outro dia, veio um helicóptero aqui bem perto do céu, filmando tudo”, em sinal de espanto. Sergio Ricardo, retruca: “Deve ser os espanhóis”, uma alusão ao Resort Maraney, que quer retirar os indígenas de ‘Mata Verde Bonita’. Darcy aproveita para fazer uma crítica ao uso do celular na Aldeia e os cuidados com essa nova tecnologia, e a influência da bebida alcoólica pode acarretar aos jovens da aldeia? “Essa coisa do celular aqui na aldeia, temos ter cuidado. Devemos chamar atenção, falar com os jovens da implicação dessa tecnologia quando entra na aldeia; Dos problemas da bebida alcoólica, e as consequências que ela traz; tanto pelos prejuízos que ela acarreta, e sua parte negativa. A bebida alcoólica já trouxe transtornos para nós, é uma coisa que temos que estar atentos”. Como solução pra resolver isso, diz: “E, nada melhor agente falar com os mais velhos, e receber seus conselhos e ensinamentos, para dirimir os problemas, devido sua sabedoria”. Aproveitando de estarmos próximo do novo instituto recente criado, o Instituto Nhandereko Mbya Guarani; que surge para trabalhar a ‘temática indígena e cultura guarani,’ e ressalta: “Com esse Instituto, pretendo trabalhar a cultura guarani, a memória dos nossos ancestrais mais velhos”, adiantou.

Com relação a discussão e propostas que estão sendo discutidos na solenidade de inauguração da Casa de Reza e os desafios para o futuro falou: “E hoje, com a Comissão Yvyrupa, os parceiros como o CEDIND, em articulação nas aldeias; pretendemos lutar por conquistas, e vejo isso como momento importante; Para nós, com a criação do CEDIND, nosso Conselho Estadual dos Direitos Indígenas do Estado do Rio de Janeiro, vejo também como grande momento, pois, podemos nos articular para melhor reivindicarmos os nossos direitos com Juruá”; O branco. Com relação aos nossos mais velhos, diz; “São nossa fonte de sabedoria; Pois, quando eles morrem, vão para a moradia sagrada, e levam todo os seus conhecimentos. E nós aprendendo com eles, levamos na fala, no gesto, no olhar, essa sabedoria”. Continuando sobre a Cerimônia Nhemongaraí; & Comissão Guarani Yvyrupa; Dá importância do evento para conscientização dos jovens guaranis: “Esse encontro é pra isso, melhorar a nossa qualidade de vida. A música guarani, nos faz refletir, pois falamos do sagrado, da busca pelo lugar sagrado. E esse encontro Yvyrupa, permiti-nos repensar nossas vidas, nossa caminhada; O parto sagrado na aldeia; a nossa pintura; o nosso cocar e a nossa maneira de ser; É uma forma de nos estruturar. É preciso um trabalho de valorização aos indígenas, porque Juruá já estigmatizou os povos indígenas, dizendo que não tem mais índio, que foram assimilados o que não é verdade. A justificativa é que tem smartfone e carro Hilux”. Sergio Ricardo Verde Potiguara, aparteou dizendo: “A retorica é sempre a mesma: Eles não são mais daqui, não são indígenas. Quando no Brasil, tudo é território indígena, todos somos indígenas; Nós não estamos aqui?”, questionou. Darcy Tupã: “Você ver que as pessoas se enganam quando falam do nosso povo. Fizeram uma pesquisa de solo aqui perto e acharam cerâmica guarani a mais de três mil anos. Esse registro é uma prova, de que não precisamos dizer pra nós, que já estávamos aqui antes dos portugueses”. Seu zé Puri, emendou: “Aqui já era terra que os índios ocupavam, muito antes da chegada dos portugueses”. Com alusão a costa brasileira de muitos rios e oceanos, descreveu Puri: “Quando teve o diluvio, ele não foi no mundo inteiro não”, indagou? “Eu entendo que o diluviou não aconteceu em toda parte do mundo, mais sim em uma metade do mundo”, criticou. “Aqui em 1500 os portugueses quando desceram mar abaixo, percorrendo o caminho do diluvio. Eles perceberam que uma parte da terra estava seca, que nem tudo estava destruído. Ai ao adentrar nosso território, encontraram uma arvore chamada pau-brasil; entraram pela mata, pintaram como fotografia e levaram de volta para Portugal para mostrar seus superiores e depois voltaram. Eu acho bonito o que acontece neste momento aqui, porquê está cheio de mato. Se você passa o trator o que acontece? Acaba a aldeia. Os guaranis, são um povo que nasce dentro do mato, valoriza o mato, por que vive dali. Eu, nasci dentro do mato plantando mandioca, milho, abobora, quiabo, outros. Naquela época, nos alimentávamos do que a gente plantava. E mesmo sem termos dinheiro, agente plantava, tínhamos as coisas, pois agente trabalhava pra nós. Eu acredito que Deus, nos deu uma vida muito boa”. Com relação ao ser humano, ao homem urbano, assevera: “Tem uns trinta por cento da população que destroem, prejudicam a natureza. Essas pessoas eu não apoio”, reclamou

Sergio Ricardo Verde: “Estamos indo para o terceiro ano de pandemia global, com muita morte, além da devastação da natureza. E os povos guaranis nos mostram com a sua juventude, a defesa da Natureza”. Wendel: “A natureza está ai para nos ensinar. O sistema florestal, o que temos de evoluído hoje na academia, no estudo da agroecologia, é saber indígena, e temos que mostrar isso pra os jovens”, completou. Darcy Tupâ: “Os jovens do asfalto tem celular, smartfone e está sempre reclamando, sempre infeliz. E eles nos perguntam da felicidade de nossos jovens andarem descalços, brincando na areia, felizes”, adiantou. Seu Zé Puií: Minha neta anda descalça feliz”. Sergio Ricardo, em alusão ao Resort Maraey, quer dizer: Terra Sem Males, Em referência ao mito de criação, de uma terra onde não haveria fome, lugar bom pra se viver, questionou: “Os espanhóis estão usando um nome ancestral guarani, se apropriando de um nome e desvirtuando sua finalidade, para destruírem a APA de Maricá. Isso é um absurdo”, completou. Com a palavra Darcy Tupã acrescenta: “A Terra Sem Males, para os guaranis. É a terra onde os guaranis podem fazer o seu Tekohá; seu convívio comunitário a sua maneira com sua família; praticar sua reza; pesca, e que nos transmite a paz. Estar feliz com a natureza, é estar em uma ‘Terra Sem Males’. Na terra os guaranis podem ficar um ano, dois anos, trinta anos caminhando, retornando, dando tempo para aquele Tekohá se recuperar, se fortalecer e depois retornar. Assim os guaranis viviam na beira da praia, buscando a melhor forma de viver. Eu estava fora do Rio, no Paraná a trabalho, onde me formei em História em dois mil e cinco. Até que minha mãe me chamou, dizendo que encontrou uma terra, aqui em Camboinhas, que ela sonhou; Em seus sonhos, a terra que ela avistou, era ‘A terra Sem Males’, salientou. Sergio Ricardo Verde: “Os guaranis em Camboinhas estavam fazendo o caminho de Volta”? Completou. Darcy Tupã: “Camboninhas tem uma montanha de cemitério indígena, e guarani. Os indígenas daqui do Rio, quando adentraram o território tiveram contatos com os Goitacazes, e tem muita morte, ousadas de indígenas aqui. É corpos em cima de corpos. Na criação do povo guarani, usaram algodão e madeira, para formar o povo guarani. A ponta do arco e flecha quando envergado, mostra toda a sua força”. Zé Purí: “O algodão, o café tem uma explicação? Elas foram escolhida para enfeitar a bandeira do Brasil, com um galho de café e umas estrelinhas”. Darcy Tupã: “Na aldeia Tekohá Guarita no Rio Grande do Sul, meu pai veio de lá, de Tenente Portela. Eu vim no colo de meu pai. Eu não me lembro como era a aldeia lá”; E completou: Onde ele viveu eu ainda não fui? Mas ainda vou documentar a trajetória do meu pai”, imendou. Sergio Ricardo Verde: “Seu pai fundou várias aldeias, não? Seu pai era o Pedro de Oliveira”? Darcy Tupã, contando a trajetória do seu pai ainda adolescente contou: “Meu pai quando adolescente foi amolar uma Lima e quebrou. O meu avô correu em direção dele para bater. E meu pai saiu correndo e se escondeu. Ele meu avô era muito brabo. Quando a noite ele foi dormir, o pai ameaçou colocar agua quente na sua mãe, por ter defendido, e ele e fugiu. Depois disso, ele fugiu de casa e nunca voltou, nunca mais teve contato com sua família. Dessa saída, ele chegou na aldeia Tekohá Guarita, e conheceu minha mãe com na época com dezesseis anos. Meu pai tinha quatorze anos, e resolveram viver juntos. Na ocasião da união entre os dois, chamaram os caciques, que fez o teste, pra ver se podia casar e ai tudo começou. Casados eles migrara para Tekohá Toldo, Santa Catarina, depois Topava, aldeia Bugiu. Depois foi para aldeia Jacutinga. Depois ele retorna para Santa Catarina. Meu pai foi um ser de luz, os índios Xokleng e Kaingang do Rio Grande do Sul, gostavam muito deles. Depois meu pai veio para o Rio, conquistar a Aldeia Araponga, que na época estava com o cacique Alcebias. Com a conquista do território, ele chamou o cacique Augustinho para tomar conta da Aldeia Araponga. Depois a convite do Miguel Benites, (Karai Tataxi) foi para Paraty Mirim, para lutar pela Demarcação. Em seguida para a Aldeia Camboinhas, a pedido de minha mãe.

No presente, pretendo com o Instituto Nhandereko, contar a história do meu pai; dos lugares onde meu pai passou; gravar os depoimentos e contar. Guardar esse material como uma patrimônio de preservação da cultura guarani. Eu não quero lembrar só o tumulo do meu pai. Eu quero que ele seja visitado como uma personalidade importante”. Zé Purí: “A Escola hoje da Aldeia Guarani Para Poty Nhe Ë Já”, foi ele que ajudou a construir”. Sergio Ricardo Verde: “Fazer um Livro para guardar a memória. Como diz Juruá: O Branco só gosta de tudo escrito na cascara da arvore; E nem percebe que a arvore sofre com os cortes e desmatamento. O livro também pode ser digital. Taí, um lado bom da tecnologia, poder disponibilizar as fotos, depoimentos; o Brasil precisa conhecer isso”, concluiu. Darcy Tupã: Minha mãe Lídia Nunes, de noventa e três anos é pajé, curandeira, uma pessoa sabia. A união deles por Nhanderu Ete, deu ao meu pai essa força. Embora eles se separaram de carne, o espirito não se separa. Eles viveram junto até a morte de meu pai, só assim se separaram. A minha mãe continua aqui, é uma pessoa forte. Eu quero que as conquistas aqui em Mata Verde Bonita, seja realizados com a presença dela, com a nossa Demarcação”. Relembrando: “Quando eu fui tirar os bambus do mato para a construção do Instituto Nhandereko. O meu pai ficou muito feliz com a construção. Para comemorar. Ele me chamou eu e meus irmão; ofereceu-nos um vinho que ele tinha ganhado no Natal a dois anos, para nós comemorarmos. E ele fez questão em uma sexta feira ao meio dia, que estivéssemos todos os filhos presentes. E nessa sexta para o sábado, as três horas da manhã, ele foi embora, partiu. Na verdade, ele fez um ritual tudo muito sagrado. Com relação ao meu pai e minha mãe... um completou e compartilhou com o outro; Juntou a sabedoria do meu pai, com a sabedoria da minha mãe. Um foi o equilíbrio do outro na caminhada. Meus pais tiveram dez filhos, cinco homens e cinco mulheres. Todos nasceram de parto feito pelo meu pai dentro do Mato. Eu lembro que eu pegava e tomava conta dos meus irmãos menores. Depois, vinte minutos depois, ele trazia a criança chorando, viva. Eu, ficava ali de tocai preocupado. Mas vejo que se trata de sabedoria, de saberes, ensinamentos ancestrais”, conclui. Em seguida a prosa terminou com os seus olhos lacrimejados de emoção. Sergio Ricardo Verde me perguntou. “E ai Reinaldo: Vamos escrever essa estória para as novas gerações”? Balanceia a cabeça em concordância depois da certificação de todos.

Analise Conclusiva

A Tekoa, Aldeia Mata Verde Bonita, nas palavras da pajé Lidia Nunes, é a Nova Terra Sem Males. Segundo estudos antropológicos de Pablo Antunha Barbosa e Tonico Benites, 2009:

“É Aldeia da Bela Floresta Verde” devido ao mato existente no “Morro do Mololó” e de que todos gostaram muito. Segundo Lídia, as coisas vão ficar muito melhor agora, pois, todos poderão ter sua casa e sua roça. Dizem que ao caminhar pela área, mesmo se ainda não conheceram tudo, encontraram muitos remédios, plantas, frutas e que seguramente encontrarão mais coisas. Comentaram também que o lugar é bom porque tem muitas árvores e porque avistaram os rastros de alguns bichos. Sobre a mata existente no Morro do Mololó, dizem que só vão “usar mesmo para material. Não falta lenha no local. Tem muita lenha e não precisará cortar árvores”

O Local hoje, segundo a Cacique Jurema, tem consenso de todo grupo Mbya, conforme abaixo assinado entregue as autoridades:

“Alguns fatores importantes influenciaram a decisão de cada, e levando em consideração a área, terra boa para o plantio, a escola, a nossa casa de reza, a oca de artesanato, as moradias que todos tem, e os que não tem, está em processo final, decidirem ficar no local. E mais importante que foi levado em conta na hora da decisão é que temos o nosso cemitério, que além de ser muito sagrado; Sair das terras atuais significaria remover nossos entes queridos do seu descanso e reviver toda a dor da perda novamente. Então com base em tudo que dissemos nesses dez anos, de nossas vidas, onde tivemos perdas e nascimentos, permanecemos aqui”.

Para Darcy Tupã, estamos tratando de Cemitério indígena cuja a presença guarani consta a mais de três mil anos. E que o convite para permanência ali foi feito pelo Ex prefeito de Maricá, Quaqua, e que a Ex Secretaria de Direitos Humanos Zaidam, inclusive solicitou estudos a FUNAI, para a materialização da Aldeia Tekoa Ka'Aguy Ovy Porã. Passados dez anos no local, entre idas e vindas com a administração municipal, falta o Documento comprobatório e definitivo da Titularidade da Terra. Neste sentido, com a Criação da Comissão Yvyrupa, e definições propostas pela comuna guarani Mbya, foram apontados diversas soluções, a começar: 1- Titulação da Terra Onde Encontrasse Aldeia Mata Verde Bonita; 2 -Regularidade da Agua, pois agua recebida em carro pipa, é pouca para todas as famílias; 3- Construção de Escola descente e Contratação de professores para o ensino guarani e português; 4-Saneamento básico na aldeia, pois o que existe são foças; 5- Mudas para os plantios de sementes de frutas; 6 - Criação de um Aquífero para peixes; 7- Reflorestamento; 8- Contratação de Médicos e Enfermeiros para o posto de Saúde Comunitário; 9 -Segurança ao Entorno da Aldeia; 10-Proteção da APA, Restinga de Maricá; 11- Mudança da Aldeia Céu Azul, para fazenda com infraestrutura adequada; 12 - Ecoturismo em visitas guiadas para venda do artesanato;13- Coleta de plantas medicinais da APA, para preservação e utilidade; 14 - Cogestão de vendas futuras de produção local de alimentos, com apoio do poder público; 15-Judicialização de Demandas da Comunidade junto ao poder judiciário;16- área de lazer para as atividades esportivas; 17- Parceria público privada para melhorias viárias do local. Segundo Darcy Tupã, as coisas melhoraram muito nesses dez anos, mas ainda falta muita coisa. Em particular disse Tupã: “Gostaria de cumprir o desejo de meu pai, que ao sair ao encontro de Nhanderu, pediu para que plantássemos bananeiras e outras frutas para a autossuficiência da aldeia em momentos de crise” sublinhou:” Esse é o meu sonho”, completou. Os guaranis sabem que viver na terra é um desafio diário, pois, doenças, mortes, violências e destruição, é uma constante. Daí a importância de estar com o coração aberto a Nhanderu Etê; Ouvir os Xeromõy, os mais velhos, pois deles herdamos a educação que é passado de pai pra filho, neto, bisneto, tataraneto, em cadeia para as novas e futuras gerações.

REINALDO DE JESUS CUNHA – Reinaldo Potiguara - [email protected]
Mestrando Antropologia Social –UFRJ/ Museu Nacional

Referências Bibliográficas

ATA – Maricá – Mata Verde Bonita
http://www.aula.org.br/Editorias2022/ATA-PAPEL.pdf

Clastres , HéLèna – Terra Sem Males – O profetismo tupi-guarani
Editora Brasiliense, tradução; Renato Janine Ribeiro, 1978

Cerimônia do Nhemongaraí & Comissão Guarani Yvyrupa - 1ª Part/Ago/22
https://www.youtube.com/watch?v=A24ecHFI3qA&t=68s

Cerimônia do Nhemongaraí & Comissão Guarani Yvyrupa – Ago/22 - 2ª Parte
https://www.youtube.com/watch?v=RVQmZSQNDUc&t=1895s

Comissão pró-índio de São Paulo; Guarani Mbya e Tupi
AS TROCAS E FLUXOS POPULACIONAIS: O MOVIMENTO GUARANI
https://cpisp.org.br/indios-em-sao-paulo/povos-indigenas/guarani-e-tupi/#:~:text=O%20povo%20ind%C3%ADgena%20Guarani%20est%C3%A1,seja%20de%20225%20mil%20pesso

Encontro das Ancestralidades Guarani, Puri e Potiguara na Aldeia Tekoa Ka'Aguy Ovy Porã; https://www.youtube.com/watch?v=GWWVlReRNEA&t=2468s

MARICÁ/maraká/ ‘A terra está de Volta’
https://www.aula.org.br/Editorias2022/Tekora-Jevy-A-Terra-esta-de-volta.pdf

Relatório Antropológico de Eleição Terra Indígena Localizada no Município de Maricá - Pablo Antunha Barbosa e Tonico Benites - Antropólogos – 2009
http://www.aula.org.br/Editorias2022/Relatorio-Antropologo.pdf

Senso IBGE 2010
https://www.ibge.gov.br/indigenas/indigena_censo2010.pdf

TCC- NHEMONGARAI: RITUAIS DE BATISMO MBYA GUARANI - Karaí Nhe'ery
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/204661/TCC%20-%20Darci%20da%20Silva%20Karai%20Nhe%27ery.pdf?sequence=1&isAllowed=y

Terra Sem Males - Darcy Tupã - Agosto/2022
https://www.youtube.com/watch?v=H7NzvhdL0oY&t=1353s

Terra Guarani do Sul e no Sudeste – Comissão Pró-Índio de São Paulo Carolina K. I. Bellinger; Daniela Carolina Perutti; Lúcia M. M. de Andrade 2009.


 

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