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Encontro das Ancestralidades
Guarani, Purí e Potiguara na Aldeia Tekoa
Ka'Aguy Ovy Porã, Maricá.
Zé Purí, Darcy Tupã,
Reinaldo Potiguara, Sergio Verde Potiguara e Wendel
Puri; Na Cerimônia do Nhemongaraí
& Comissão Guarani Yvyrupa, 02/á/04/08/22.
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R E S U M O
O Encontro se deu na (Aldeia
Mata Verde Bonita) Tekoa
Ka'Aguy Ovy Porã, na Casa do Zé Puri,
a pedido de Darcy Tupã; Ocasião da realização
Cerimônia do Nhemongaraí & Comissão
Guarani Yvyrupa, nos dias, dois de agosto de dois mil
e vinte dois, depois de almoço de Confraternização
e Acolhimento guarani; Cerimonia do Nhemongaraí
do Milho; Diálogos
em Conferência, Yvyrupa; Celebração
da Casa de Reza Opy; batismos de crianças Guaranis.
Usamos como fontes de pesquisa: Entrevistas; filmagens
em vídeos do Yuotube da Cerimonia do Nhemongaraí
& Comissão Guarani Yvyrupa; Fotos incloco;
Laudos e Estudos Antropológicos; Demandas de reuniões
com o CEDIND.
Encontro das Ancestralidades Guarani,
Purí e Potiguara na Aldeia Tekoa Ka'Aguy Ovy Porã,
Maricá: Zé Purí, Darcy Tupã,
Reinaldo
Potiguara, Sergio Verde Potiguara e Wendel Puri; Na
Cerimônia do Nhemongaraí & Comissão
Guarani Yvyrupa, 02/á/04//08/22.
As quatorze horas do dia do quatro de
agosto de 2022, ocasião de confraternização
da Inauguração da Casa de Reza (Opy); realização
da Cerimonia do Nhemongaraí & Comissão
Guarani Yvyrupa.
Em bate papo informal e a pedido de Darcy Tupã;
Fomos conhecer Zé Puri’, 69 anos, parente de Darcy
que se encontra em convívio e morando na aldeia
guarani à mais de 10 anos, na Aldeia Tekoa Ka'Aguy
Ovy Porã. Depois de bate papo informal, em uma
roda de conversa embaixo de uma arvore, próximo
a OPY. Darcy Tupã, nós chama atenção,
com relação a conhecermos uma figura na
aldeia de bastante prestigio, seu parente Zé Purí.
Segundo Darcy, o seu parente purí, que mora ali
perto, é pessoa sabia, de muito prestigio, e que
deveríamos conhece-lo. Com a concordância
de todos, nos dirigimos para casa do Zé Puri, a
poucos metros do rio. Ao chegarmos fomos bem recebidos
por ele. Darcy Tupã, falou que desejaríamos
trocar uma prosa sobre a sua permanência ali na
aldeia; O que prontamente houve concordância de
falar conosco. Com a palavra, Darcy Tupã fez uma
breve apresentação do Puri, afirmando: “Zé
Purí, além de conselheiro; apoiador; construtor;
mateiro; erveiro; É líder inconteste, e
reconhecido pelo nosso povo guarani com uma grande liderança”.
Abrindo o diálogo proposto por Darcy. Sergio Ricardo
potiguara, faz breve retrospecto sobre o bioma da mata
atlântica; da importância dos diálogos
que estamos realizado da três etnias: potiguara;
purí e guarani na aldeia Mata Verde Bonita, que
em guarani: chama-se, Tekoa Ka'Aguy Ovy; Da importância
de falarmos de cosmovisões e sensações
diferentes e Legado Guarani; A herança da sabedoria
guarani Mbya, na Cerimônia Nhemongaraí &
Comissão Guarani Yvyrupa. Com a palavra, Darcy
Tupã: “Acredito muito em Nhandearu (Deus), que
nessa passagem pela terra, nos proporciona uma caminhada
especial em nossas vidas”. E continua: “Conheci seu Zé
Purí, através de sua filha Nama em passeio
no Rio. Nos casamos, tivemos dois filhos, e com o convívio
tive oportunidade de conhece-lo em MG, Sete Lagoas, um
lugar conhecido como Serra do Cipó”.
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Segundo Darcy, a filha falava e comentava
muito dele até que nos conhecemos”. Darcy descreveu
Zé Puri, como uma pessoa pequena em estatura: “O
legal que por ter um metro de índio, ninguém
acredita na sua capacidade como construtor; Mas é
um excelente construtor”, salientou. “Conheci ele construindo
uma casa gigante, não acreditei que um índio
tão pequeno pudesse construir aquela casa. A nossa
história é assim, coisa de família,
de parente. Hoje Zé Purí, faz dez anos na
aqui na Aldeia Mata Verde Bonita”. Com relação
a lideranças respeitadas pelos guaranis do Estado
do Rio de Janeiro, argumenta: “Existe dois que nós
reconhecemos como ‘Xeromoy’, guerreiros: Augustinho’ (Karai
Tataendy) de Araponga e Zé Puri, que hoje mora
e faz parte da Aldeia Gurarani”. Para Darcy, tanto Augustinho
como Zé Purí, tem muita força espiritual,
conexão com a natureza; que nos guia para bom caminho
e uma vida melhor”. Com relação a Zé
Purí, conta um segredo: “Desejo resolver a sua
aposentadoria”. E continua: “Ainda não está
aposentado, mas é o nosso desejo, que ele tenha
seus direitos garantidos para uma vida digna”. Contando
um pouco da sua história de vida, Zé Purí,
nos conta: “Eu vim de Minas Gerais, em um lugar conhecido
como Jaboticatubas, na ‘Serra do Cipó’, em ‘Conceição
do Mato Dentro’, beirando a Serra na estrada Rio abaixo.
Minha família foi nascido e criada dentro do mato,
dentro da roça. Nós roçava tudo e
plantava de tudo. Tudo que plantávamos, colhíamos
e guardávamos para as despesas futuras”. Essa rotina,
fazíamos todos os anos. Meu avô tinha 50
alqueires de Mato que deixou para os filhos. Ele não
deixava agente destruir o mato. Ele dizia: “Não
está vendo aquela varinha ali” descrevendo. “Daqui
a dez anos ela plantada, é uma peça para
fazer uma casa. Se você cortar, o que você
vai ter no futuro? Ele dizia: deixa o mato crescer”, não
corta o mato”. Dentro da nossa terra, tinha um correguinho
que me chamava atenção, disse: “você
não está vendo agente buscar aquela agua
quando o rio enche?” Aquela agua limpinha que bebemos?”
E que o córrego depois de três dias, a agua
abaixo, no fundo está limpa; o lixo se acumula
embaixo e em cima está limpo. O lixo fica acumulada
na superfície, e em cima está limpo? Não
é assim em uma lata d’água, descreve? E
continua descrevendo a fala do seu pai: “Não pode
cortar nada, senão não vamos ter agua quando
precisarmos”, resmungava. “Assim, nós fomos criados:
bebendo remédio do mato com casca de raiz, sementes
e folhas.
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A minha avó era tratadeira. O
nome dela é Maria Gomes Ferreira, e meu pai, Miguel
Lopes. A minha Vó, foi pega no Laço, em
uma emboscada e levada para casa do meu pai. Aos poucos
foram convivendo e vivendo. A minha mãe era braba
de mais. Eles tiveram que ir amansando ela, convivendo
até ela se tranquilizar”. Com relação
à ancestralidade, conta: “Eu fiquei com dois sangues:
um por parte da minha mãe e outra por meu pai.
Por parte da minha mãe eu sou Purí. Eu sou
o primeiro neto da família, e minha avó
tinha muito respeito e carinho comigo. Como descendente
Purí, eu tinha enorme prazer de falar com ela”,
relembra. “Eu costumava ir pro mato, amolar o facão
para plantar. Ela dizia: corta essa raiz, corta essa planta,
para fazer remédio. E foi assim que aprendi com
ela. Nunca precisei usar os remédios da farmácia;
nunca precisei ir ao hospital até hoje”, descreve.
“Meu remédio é da natureza, é do
mato”. Com relação ao fumo, descreve: “Comecei
a fumar cigarro de palha na roça, aos 15 anos.
Era tanto mosquito que agente fumava cigarro para espantar
os mosquitos. Meu avô falava: “acende um cigarro
ai meu filho e vai soltando essa fumaça para espantar
os mosquitos”. Até hoje eu fumo, não tem
como parar. Ai aprendi com meu avô plantar, cuidar
das coisas. Ele não tinha muita criação
de bichos, ele não gostava. Ele dizia que não
ia mexer com essas coisas: ‘deixa o mato ai’ dizia. Eu
puxei meu avô nesse ponto. É bonito ver a
planta crescer, agente respirar esse oxigênio pela
manhã, sentir o cheiro da flor com orvalho”, resmunga.
“Isso é remédio pra nós, é
saúde”. Fazendo um paralelo entre homem e mulher,
descreve: “O homem quando se casa, ele arruma uma mulher
e tem que cuidar dela; Assim é também com
a flor é do mesmo jeito; Você tem que cuidar
dela para ela viver bem”. Dando ênfase ao seu raciocino
diz: “Se você tiver um jarro de planta e deixar
lá por três meses, abandonada, você
vai encontrar ela seca.
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Então, assim como a mulher. Você
tem que olhar para planta para saber se ela tem praga
ou não, ai você retira aquela que está
contaminando e corta; procura saber se ela está
precisando de agua; Se precisa de sombra, o que ela está
precisando, igualzinho a mulher. Hoje eu chego lá
em casa do meu pai, ainda hoje no correguinho tem agua
limpa. Mas se cortar o mato ai não tem não;
não vai ter nada. Então, é assim
que vamos zelando pela vida. Eu não tive estudo,
não tive como estudar. A escola era muito longe,
não tínhamos como ir até lá.
Ou você trabalhava ou estudava. As vezes ficávamos
anos sem ter dinheiro no bolso”. Com relação
aos alimentos, descreve. “Quando não tínhamos
e precisávamos de um alimento: trocávamos
milho por feijão; porco, por outro animal, ou comida
com quem tinha”. As coisas eram muito longe, diz; “Nos
andávamos desde das seis da manhã até
as seis da noite pra comprar um pouquinho de café
pra torrar em casa, e as vezes não achava. Quando
você encontrava, você ganhava o dia. Tudo
era muito difícil. Da minha casa a Sete Lagoas
era cem quilômetros. O Cara vinha de longe, de lá
pra vender aqueles algodão, milho aqui e retornar.
Em Sete Lagoas tinha uma fazenda, um armazém muito
grande; Tinha um curral para entregar, pesar as coisas
e deixar lá. Ali você vendia seus produtos
e pegava o que precisava”. Com relação ao
transporte de carro, diz: Quando eu vi um carro pela primeira
vez na vida na minha terra, era coisa doutro mundo” descreve.
“Hoje, eu sentado aqui veio um helicóptero aqui
bem perto, no céu, filmando tudo”, em sinal de
espanto. Sergio Ricardo, retruca: “Deve ser os espanhóis”,
uma alusão ao Resort Maraney, que quer retirar
os indígenas de ‘Mata Verde Bonita’. Darcy aproveita
para fazer uma crítica ao uso do celular na Aldeia
e os cuidados com essa nova tecnologia, e a influência
da bebida alcoólica? “Essa coisa do celular aqui
na aldeia, temos ter cuidado.
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Devemos chamar atenção,
falar com os jovens da implicação dessa
tecnologia quando entra na aldeia; Do problema da bebida
alcoólica, e as consequências que ela traz;
tanto pelos prejuízos que ela acarreta, e sua parte
negativa. A bebida alcoólica já trouxe transtornos
para nós, é uma coisa que temos que estar
atentos. E pra isso diz: “E, nada melhor agente falar
com os mais velhos, e receber seus conselhos e ensinamentos”.
Com orgulho fala do Instituto Nhandereko Mbya, Guarani,
que surge para trabalhar a temática indígena,
a cultura guarani, e ressalta: “Com esse Instituto, pretendo
trabalhar a cultura guarani, a memória dos nossos
ancestrais mais velhos”, adiantou. “E hoje, com a Comissão
Yvyrupa, os parceiros como o CEDIND, em articulação
nas aldeias, para lutar e conquistas, vejo isso como momento
importante, para nós, com a criação
do CEDIND, um Conselho Estadual dos Direitos Indígenas
no Estado do Rio de Janeiro, para reivindicarmos os nossos
direitos com Juruá”, o branco. Com relação
aos nossos mais velhos, diz; São nossa fonte de
sabedoria; pois, quando eles morrem vão para a
moradia sagrada, eles levam todo os seus conhecimentos.
E nós aprendendo com eles, levamos na fala, no
gesto, no olhar, essa sabedoria”. Com a palavra Darcy
Tupã, fala dá Cerimônia Nhemongaraí;
& Comissão Guarani Yvyrupa. Dá importância
do encontro para conscientização dos jovens
guaranis, que está sendo realizado em Mata Verde
Bonita: “Esse encontro é pra isso: ‘a qualidade
de vida’. A música guarani fala também isso,
da busca pelo lugar sagrado. E esse encontro Yvyrupa,
é para repensar nossas vidas, nossa caminhada;
O parto sagrado na aldeia; a nossa pintura; o nosso cocar
e a nossa maneira de ser; É uma forma de nos estruturar.
É preciso um trabalho de valorização
aos indígenas, porque Juruá já estigmatizou
os povos indígenas, dizendo que não tem
mais índio, que foram assimilados o que não
é verdade.
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A justificativa é que tem smartfone
e carro Hilux”. Sergio Ricardo Verde Potiguara, aparteou
dizendo: “A retorica é sempre a mesma: eles não
são mais daqui, não são indígenas.
Quando no Brasil, tudo é território indígena,
todos somos indígenas; Nós não estamos
aqui?”, questionou. Darcy Tupã: “Você ver
que as pessoas se enganam quando falam do nosso povo.
Fizeram uma pesquisa de solo aqui perto e acharam cerâmica
guarani a mais de três mil anos. Esse registro é
uma prova, de que não precisamos dizer pra nós,
que já estávamos aqui antes dos portugueses”.
Seu zé Puri, emendando: “Aqui já era terra
que os índios ocupavam, muito antes da chegada
dos portugueses”. Com alusão a costa brasileira
de muitos rios e oceanos, diz Puri: ‘Quando teve o diluvio,
ele não foi no mundo inteiro não”, indagou?
“Eu entendo que o diluviou não aconteceu em toda
parte do mundo, mais sim em uma metade do mundo”, criticou.
“Aqui em 1500 os portugueses quando desceram mar abaixo,
percorrendo o caminho do diluvio. Eles perceberam que
uma parte da terra estava seca, que nem tudo estava destruído.
Ai ao adentrar nosso território, encontraram uma
arvore chamada pau-brasil; entraram pela mata, pintaram
como fotografia e levaram de volta para Portugal para
mostrar seus superiores e depois voltaram. Eu acho bonito
o que acontece neste momento aqui, porquê está
cheio de mato. Se você passa o trator o que acontece?
Acaba a aldeia. Os guaranis, são um povo que nasce
dentro do mato, valoriza o mato, por que vive dali. Eu,
nasci dentro do mato plantando mandioca, milho, abobora,
quiabo, outros. Nós nos alimentávamos do
que a gente plantava. Apesar de não termos dinheiro,
agente plantava, tínhamos as coisas, pois agente
trabalhava pra nós. Eu acredito que Deus, nos deu
uma vida muito boa”.
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Com relação ao ser humano,
ao homem urbano, assevera: “Tem uns trinta por cento da
população que destroem, prejudicam a natureza.
Essas pessoas eu não apoio”, reclamou. Sergio Ricardo
Verde: “Estamos indo para o terceiro ano de pandemia global,
com muita morte, além da devastação
da natureza. E os povos guaranis nos mostram com a sua
juventude, a defesa da Natureza”. Wendel: “A natureza
esta ai para nos ensinar. O sistema florestal é
saber indígena, e temos que mostrar isso pra os
jovens”, completou, Darcy Tupâ: “Os jovens do asfalto
tem celular, smartfone e está sempre reclamando,
sempre infeliz. E eles nos perguntam da felicidade de
nossos jovens andarem descalços, brincando na areia,
felizes”, adiantou. Seu Zé Puií: Minha neta
anda descalça feliz”. Sergio Ricardo, a palavra
Maraey, quer dizer: Terra Sem Males? ‘(Yvy marã
e'? em guarani, Yby marã e'ym em tupi-antigo)’
“faz referência ao mito de uma terra onde não
haveria fome, lugar bom pra se viver”. Com a palavra Darcy
Tupã acrescenta: “A Terra Sem Males, para os guaranis.
É a terra onde os guaranis podem fazer o seu Tekohá;
seu convívio comunitário a sua maneira;
com sua família; sua reza; pesca, e que transmite
a paz. É feliz com a natureza, e ai é dado
o nome de ‘Terra Sem Males’. Na terra os guaranis podem
ficar um ano, dois anos, trinta anos caminhando, retornando,
dando tempo para aquele Tekohá se recuperar, se
fortalecer e depois retornar. Assim os guaranis viviam
na beira da praia, buscando a melhor forma de viver. Eu
estava fora do Rio, no Paraná a trabalho, onde
me formei em História em dois mil e cinco. Daí
minha mãe me chamou, dizendo que encontrou uma
terra, aqui em Camboinhas, que ela sonhou “A terra Sem
Males”, salientou. Sergio Ricardo Verde: “Os guaranis
em Camboinhas estavam fazendo o caminho de Volta”, completou.
Darcy Tupã: “Camboninhas tem cemitério indígena
guarani.
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Os indígenas daqui do Rio, quando
adentraram o território tiveram contatos com os
Goitacazes, e tem muita morte, ousadas de indígenas
aqui. É corpos em cima de corpos. Na criação
do povo guarani, usaram algodão e madeira, para
formar o povo guarani. A ponta do arco e flecha quando
envergado, mostra toda a sua força”. Zé
Purí: “O algodão, o café tem uma
explicação? Elas foram escolhida para enfeitar
a bandeira do Brasil, com um galho de café e umas
estrelinhas”. Darcy Tupã: “Na aldeia Tekohá
Guarita no Rio Grande do Sul, meu pai vem de lá,
de Tenente Portela. Eu vim no colo de meu pai. Eu não
me lembro como era a aldeia lá. Onde ele viveu
eu ainda não fui”. Sergio Ricardo Verde: “Seu pai
fundou várias aldeias, seu Pedro de Oliveira”.
Darcy Tupã: Meu pai quando adolescente foi amolar
uma Lima e quebrou. Meu pai saiu correndo. Ele meu avô
era muito brabo. Quando a noite ele foi dormir, o pai
ameaçou colocar agua quente na sua mãe,
por ter defendido, e ele e fugiu. Depois disso nunca mas
teve contato com sua família. Ai ele chegou na
aldeia Tekohá Guarita e conheceu minha mãe
com dezesseis e meu pai tinha quatorze anos, e resolveram
viver juntos. Na época chamaram os caciques e ele
fez o teste pra ver se podia casar e tudo começou.
Daí ele migrou para Tekohá Toldo, Santa
Catarina, depois Topava, aldeia Bugiu. Depois foi para
aldeia Jacutinga. Depois ele retorna para Santa Catarina.
Meu pai foi um ser de luz, os índios Xokleng e
Kaingang do Rio Grande do Sul, gostavam muito deles. Depois
meu pai veio para o Rio, conquistar a Aldeia Araponga,
que na época estava com o cacique Alcebias. Depois
ele chamou o cacique Augustinho para tomar conta. Depois
a convite ele recebeu o convite do Miguel Benites, (Karai
Tataxi) para ir para Paraty Mirim, para lutar pela Demarcação.
E depois a Aldeia Camboinhas. No presente que ter apoio
ao Instituto Nhandereko para contar a história
do meu pai, dos lugares onde meu pai e passou, gravar
depoimentos e contar. Guardar esse material como uma patrimônio
de preservação da cultura guarani. Eu não
quero lembrar só o tumulo do meu pai. Eu quero
que ele seja visitado como uma personalidade importante”
contou. Zé Purí. “A Escola hoje da Aldeia
Guarani Para Poty Nhe Ë Já”, foi ele que ajudou
a construir”. Sergio Ricardo Verde: “Fazer um Livro para
guardar a memória. Como diz Juruá:
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O Branco gosta de tudo escrito na cascara
da arvore; E nem percebe que a arvore sofre com os cortes
e desmatamento. Também pode ser digital. Taí,
um lado bom da tecnologia, para poder disponibilizar as
fotos, depoimentos; o Brasil precisa conhecer isso”, concluiu.
Darcy Tupã: Minha mãe Lídia Nunes,
de noventa e três anos é pajé, curandeira,
uma pessoa sabia. A união deles por Nhanderu Ete,
deu ao meu pai essa força. Embora eles se separaram
de carne, o espirito não se separa. Eles viveram
junto até a morte de meu pai, só assim se
separaram. A minha mãe continua aqui, é
uma pessoa forte. Eu quero que as conquistas aqui em Mata
Verde Bonita, seja realizados com a presença dela,
com a nossa Demarcação. Relembrando: Quando
eu fui tirar os bambus do mato para a construção
do Instituto Nhandereko. O meu pai ficou muito feliz com
a construção. Ele me chamou e me ofereceu
um vinho que ele tinha ganhado no Natal, e já fazia
dois anos, para nós comemorarmos. E ele fez questão
em uma sexta feira ao meio dia com todos os filhos. E
nessa sexta para o sábado três horas da manhã
ele foi embora, Ele fez um ritual tudo muito sagrado.
Então, com relação ao meu pai e minha
mãe, um compartilhou com o outro; A sabedoria do
meu pai com a sabedoria da minha mãe. Um foi o
equilíbrio do outro na caminhada. Meus pais tiveram
dez filhos, cinco homens e cinco mulheres. Todos nasceram
de parto feito pelo meu pai dentro do Mato. Eu lembro
que eu pegava e tomava conta dos meus irmãos menores.
Depois, vinte minutos depois, ele trazia a criança
chorando. São saberes ancestrais”, finaliza.
Referências Bibliográficas
Encontro das Ancestralidades Guarani,
Puri e Potiguara na Aldeia Tekoa Ka'Aguy Ovy Porã;
https://www.youtube.com/watch?v=GWWVlReRNEA&t=2468s
Cerimônia do Nhemongaraí
& Comissão Guarani Yvyrupa - 1ª Part/Ago/22
https://www.youtube.com/watch?v=A24ecHFI3qA&t=68s
Cerimônia do Nhemongaraí
& Comissão Guarani Yvyrupa – Ago/22 - 2ª
Parte
https://www.youtube.com/watch?v=RVQmZSQNDUc&t=1895s
Terra Sem Males - Darcy Tupã -
Agosto/2022
https://www.youtube.com/watch?v=H7NzvhdL0oY&t=1353s